Henry and June, Anaïs Nin
Uma das coisas que quero fazer - daí ter reorganizado e catalogado a minha pequena biblioteca - é ler finalmente todos os livros que fui comprando e fui deixando esquecidos por aí. Um deles era Henry and June, de Anaïs Nin, que certamente comprei numa daquelas levas de descontos do BookDepository. Estava com alguma curiosidade com a autora e como o livro era pequenino, decidi arriscar.
Que. Má. Ideia. Os fãs de Anaïs Nin que não me levem a mal, mas achei uma das coisinhas mais aborrecidas que li em toda a minha vida. Tanto que demorei 20 dias a ler 200 e tal páginas e ainda li quatro livros pelo meio. Mas bom: Henry and June é uma das partes dos Love Journals de Nin, onde descreve com muito detalhe todos os meandros da sua vida amorosa. Comecei o livro com a promessa de estar a ler os primórdios da literatura erótica como género, mas rapidamente percebi que estes diários falam muito mais das indecisões da autora do que outra coisa.
No início dos anos 30, Anaïs Nin conhece o escritor Henry Miller e acaba por se apaixonar por ele – o que é um problema para o seu casamento com Hugo, aparentemente feliz e perfeito. Mas também se apaixona por June, a mulher de Henry, o que torna a história num triângulo amoroso estranho (potencialmente interessante, mas eu achei só chato).
Se fosse só este triângulo estávamos nós bem. Eu não sou médica, mas Anaïs Nin tinha certamente uma ninfomania não diagnosticada porque para além destas três pessoas, também arranja maneira de se envolver com o primo, com um amigo de não sei quem e com o psiquiatra. Ou seja, estamos aqui perante um hexágono amoroso, fruto da indecisão e infantilidade da escritora. Eu bem sei que foi uma das primeiras mulheres na escrita a marcar um caminho novo para as mulheres, redefinindo papéis de género e tudo mais, agradeço-lhe muito por ter lutado pelos direitos e percepção das mulheres numa altura em que isso era ainda mais complicado do que agora, mas caramba, Anaïs! Que indecisão chata.
Não acreditam? Ora leiam:
You are so terribly nimble, so clever. I distrust your cleverness. You make a wonderful pattern, everything is in its place, it looks convincingly clear, too clear. And meanwhile, where are you? Not on the clear surface of your ideas, but you have already sunk deeper, into darker regions, so that one only thinks one has been given all your thoughts, one only imagines you have emptied yourself in that clarity. But there are layers and layers -- you're bottomless, unfathomable. Your clearness is deceptive. You are the thinker who arouses most confusion in me, most doubt, most disturbance.
Não sei se já perceberam, mas não fiquei nada convencida com este livro e pensei em desistir em vários momentos. Talvez não seja mesmo o meu tipo de escrita, talvez seja o facto de serem os diários da escritora e não uma obra de ficção, não sei… só sei que dificilmente pego em mais livros dela porque fiquei um bocadinho traumatizada. Uma pessoa à espera de um livro steamy e acaba por ler sobre as psicoses da autora. Já tinham lido algo dela? Recomendam a ficção?