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Rita da Nova

Qui | 25.02.21

Uma Dúzia de Livros // Março: um livro que não acabaste

Olá, gente que gosta de ler! Tinham saudades de falarmos mais sobre o Uma Dúzia de Livros aqui pelo blog? É que, com a chegada de um novo mês, é altura de nos prepararmos para um novo tema e escolher um livro que encaixe dentro dele (com muita flexibilidade, como vocês bem sabem). 

 

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Deste lado, embora Fevereiro tenha sido um mês curto para muita coisa, foi bem prolífero do ponto-de-vista da leitura – não falo apenas da quantidade de livros, mas sobretudo do facto de me ter agarrado mesmo ao tema mensal (um livro fora da tua zona de conforto) e ter aproveitado para ler várias coisas que eu não consideraria a minha praia à primeira vista. Espero que do vosso lado também e que possam partir para o próximo tema com o sentimento de dever cumprido. 

 

É que em Março é tempo de fazermos as pazes com aqueles livros que não nos convenceram na primeira tentativa (e, se calhar, nem na segunda ou terceira). O tema é um livro que começámos mas não acabámos e, acreditem, eu tenho alguns. Se há uns anos me forçava a ler qualquer livro até ao fim, arriscando a que a experiência fosse mais dolorosa do que outra coisa, com o passar do tempo acabei por perceber que há tantos livros para ler, para quê ficar agarrada àqueles que não nos estão a dizer nada naquele momento? 

 

Isto para vos dizer também que eu acredito que há livros que não nos aparecem no momento certo, mas que podem ser bons para nós se lhes dermos um tempinho. Por isso, em Março não quero desatar a agarrar em todos os livros que não acabei, mas escolher pelo menos dois que sei que eventualmente vou gostar, só não os comecei a ler na melhor altura. São eles Farenheit 451, de Ray Bradbury, e One Flew Over the Cuckoo's Nest, de Ken Kesey. Se conseguir ficar em bons termos com estes dois, já me dou por satisfeita. 

 

Ao contrário da maioria dos temas, não há propriamente uma lista de sugestões que vos possa dar, mas encontrei dois textos sobre esta coisa de não acabarmos de ler alguns livros que começamos – e isso não ser necessariamente mau:

> Why You Should Quit As Many Books As You Finish, por Rosie Leizrowice;

> The joy of not finishing books: if you don't like it, don't read it, por James Colley. 

 

Posto isto: como vos correram as leituras de Fevereiro e quais vão ser as vossas tentativas para este mês? 

 

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Ainda não sabes o que é o Uma Dúzia de Livros?

É uma mistura entre clube e desafio de leitura onde, a cada mês, lemos um livro dentro de um tema. Cada pessoa tem liberdade para escolher o livro que melhor se encaixa em cada mês e temos um grupo no Goodreads onde vamos trocando impressões sobre as nossas leituras. Vêm sempre a tempo de se juntar! 

Qua | 24.02.21

Casa // Se as paredes falassem (III)

Se as paredes cá de casa falassem, provavelmente diriam que acham estranho eu estar cá dentro tanto tempo outra vez. Vou já admitir aqui que, para mim, este segundo confinamento está a ser bem mais complicado que o primeiro – já perdi a noção do tempo, não sei bem a quantas ando e, até agora, estava menos preocupada e proactiva em continuar a tornar esta casa no melhor sítio do mundo. 

 

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Vocês conhecem-me e sabem que estou sempre a arranjar formas de melhorar todos os cantinhos cá de casa, em busca dos objectos e plantas perfeitos para cada lugar. Desde o ano passado que as saídas se tornaram a excepção e estar em casa se tornou a regra, por isso nada como ir mudando aquilo que vemos todos os dias, para não corrermos o risco de nos saturarmos da paisagem que se tornou habitual. 

 

Como vos estava a dizer, andava eu numa espécie de interregno destas optimizações constantes quando a Desenio me trouxe mais uma dose de inspiração. Quando falei em encomendar mais alguns posters, a pergunta do Guilherme foi “mas nós ainda temos espaço para quadros?”. É claro que temos, há sempre mais alguma coisa que podemos acrescentar. Foi isso que fiz e sinto que estou um pouco mais tranquila, por mais parvo que vos possa parecer, ajuda-me muito a estar bem. 

 

Na sala já não estamos com espaço para muitas coisas novas, mas ainda deu para acrescentar o poster Dessin d'une femme No3 à nossa parede perto do espaço de refeição (podem também espreitar o Risotto a dormir no arranhador gigante que comprámos) e o poster Aperol Spritz Illustration para tornar a zona de bar ainda mais perfeita. Já tínhamos um de um cocktail que o Guilherme agora e agora acrescentámos o meu preferido. 

 

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Tenho passado muito tempo no escritório e é lá que sinto que as coisas ainda não estão perfeitas. Também é o espaço em que tenho recebido os gatinhos em Família de Acolhimento Temporário, então acaba por estar sempre tudo meio de pantanas. Ainda assim, decidi melhorar a parede para que estou virada quase todo o dia, pendurando o poster Painted Monstera, cujas cores ajudam a harmonizar todos os tons que vou tendo aqui e vão bater super certo com a nova cadeira que encomendei. 

 

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Para terminar, encomendei também o poster Sun and Moon Hand, que para já está no quarto, mas talvez ponha no escritório – ainda estou em processo de decisão. Resta dizer que encomendei directamente as molduras certas para cada poster, o que para mim é uma das maiores vantagens deste site.

 

Gosto muito da Desenio, muito mesmo, por isso não podia não ter um bocadinho do design deles sempre comigo. Quando vi as capas de telemóvel que têm, feitas com 100% de desperdício de planta de linhaça, não deu para resistir. Escolhi a White Leaf, mas por mim tinha todas e ia trocando. Vi que também há Tote Bags com os mesmos desenhos, mas controlei-me. 

 

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Agora que vos mostrei estas coisinhas novas, lembrei-me que vos tinha prometido mais posts sobre as plantas e os diferentes espaços cá de casa. Ainda têm interesse? E como estão a aguentar este segundo confinamento? Contem-me tudo! 👇

 

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Este post foi criado em colaboração com a Desenio. 

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Ter | 23.02.21

Burial Rites, Hannah Kent

Em 1829 deu-se a última execução na Islândia – Agnes Magnúsdóttir e Friðrik Sigurðsson foram condenados à morte depois de terem assassinado dois homens. A história que serve de ponto de partida para Burial Rites, de Hannah Kent, é absolutamente verdadeira e tornou-se quase parte do folclore islandês. Nunca tinha ouvido falar deste livro (nem da história), mas a Pat sabia o quanto me custou cancelar a nossa viagem à Islândia no ano passado e, por isso, ofereceu-me esta possibilidade de viajar um bocadinho através deste livro. 

 

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A parte interessante desta reimaginação da história é que a autora escolheu mostrar-nos o ponto de vista de Agnes que, antes de cumprir a sua sentença, é acolhida por uma família com proximidade do Governo, onde passa os seus últimos dias. É nessa estadia que, a pouco e pouco, Agnes vai revelando um pouco do seu lado dos acontecimentos, através de conversas com a família ou com o Reverendo Assistente que escolhe para a acompanhar nos seus últimos dias. 

 

To know what a person has done, and to know who a person is, are very different things.

 

O livro é escrito de uma forma muito crua e cinzenta, como imagino que sejam alguns dias no norte da Islândia – o assassinato aconteceu em Illugastaðir, no noroeste da ilha. Tem algumas descrições quase viscerais e muito duras de ler, mas o tema também não é a coisa mais tranquila do mundo, não é? Acima de tudo, Hannah Kent faz-nos pensar na culpa, na forma como julgamos precipitadamente e na importância das segundas oportunidades. 

 

E fez uma coisa que eu adoro, que é contar uma história do ponto de vista daquela que seria, supostamente, a má da fita. Contudo, a única coisa que achei não tão bem feita, foi o facto de alternar várias vezes entre a voz de Agnes e um narrador omnipresente – acho a ideia interessante, mas não havia nenhum tipo de indicação visual ou separação óbvia entre as duas coisas e, então, forçou-me a estar sempre “alerta” para essa mudança de visão. 

 

Não vos quero contar muito do enredo para não estragar a forma como a escritora imaginou que era esta mulher, bem como a relação entre todas as pessoas que, de certo modo, estiveram envolvidas neste assassinato. Quer tenham ou não um fascínio pela Islândia, acho que vale a pena conhecer o lado ficcionado deste acontecimento real. Já tinham ouvido falar dele? 

Ter | 16.02.21

The Mothers, Brit Bennett

Depois de ter ficado fascinada com The Vanishing Half e de ter ouvido maravilhas sobre The Mothers, o livro de estreia de Brit Bennett, aproveitei mais uma daquelas promoções irresistíveis na loja do Kobo e fiz dele a minha mais recente leitura. Estava à espera de uma história passada nos anos 60, como no primeiro livro que li dela, mas este passa-se nos dias de hoje e aborda a maternidade e a figura materna nas suas diferentes formas. 

 

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Nadia Turner é a nossa personagem principal que tem de aprender a lidar com a morte quando a sua mãe se suicida. Luke Sheppard, filho do Pastor da aldeia, está a viver uma fase difícil depois de uma lesão o ter impedido de continuar a jogar futebol americano. Ambos encontram consolo numa relação meio secreta, que acaba quando Nadia engravida e acaba por decidir abortar. Não se preocupem, que nada disto é spoiler – o mais interessante neste livro é perceber como é que esta interrupção de uma gravidez pode desencadear tantos acontecimentos. 

 

Acima de tudo, The Mothers coloca várias questões sobre ser-se mãe e pai: continuamos a sê-lo se decidirmos terminar uma gravidez? Qual é a nossa relação com essa criança que nunca chegou a nascer? É justo que algumas pessoas decidam simplesmente terminar com esse vínculo ainda antes de ele existir, quando há tantas pessoas a tentar ter filhos? E o pai, tem direito a fazer o luto deste bebé?

 

O título não é tão literal assim. É que, para além de todas estas questões e de todas as formas que a maternidade assume neste livro, a narrativa ainda é conduzida pela figura das Mothers, mulheres religiosas que passam muito tempo na “Upper Room” da igreja local. É uma voz colectiva interessante, mas que vai julgando as acções das personagens à luz dos valores cristãos. Confesso que nem sempre foi uma adição positiva à leitura, às vezes senti que este recurso de escrita confundia mais do que trazia valor, mas não deixa de ser um exercício interessante. 

 

Demorei algum tempo a gostar genuinamente de ler The Mothers, acho que até meio do livro ainda não tinha criado uma ligação séria com nenhuma das personagens e a figura das Mothers ajudou à festa. Ainda assim, a partir do momento em que a história de começa a desenrolar com mais ritmo, não consegui parar de ler até terminar. Sinto que gostei mais de ler The Vanishing Half, mas que The Mothers vai ficar mais presente na minha cabeça durante mais tempo. Será que isso faz sentido? 

 

Há por aí mais gente a acompanhar o trabalho de Brit Bennett? Ouvi-a como convidada do podcast You’re Booked e passei a gostar ainda mais dela pela forma como vê a escrita e a leitura. Para além de recomendar os livros dela, também vos desafio a ouvir este podcast sem acabar com uma lista gigante de livros para ler! 

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