É uma pena eu só ter acabado de ler Where the Crawdads Sing, de Delia Owens, depois de ter escolhido os 10 melhores livros do ano aqui no blog. Este livro foi uma das coisas mais bonitas que li nos últimos tempos, mas eu andei a rejeitá-lo simplesmente porque estava a ter muito hype e isso faz-me afastar das coisas em vez de entrar na onda. Esta é a primeira mensagem que vos quero passar com este post: leiam este livro, não sejam como eu.
Em Where the Crawdads Sing acompanhamos Kay, uma criança que, aos poucos, começa a habituar-se a estar sozinha – um atrás do outro, os membros da sua família vão abandonado a cabana no pantanal onde moram e a protagonista começa a ter que se safar sozinha desde muito cedo. Mas não está sozinha: o pantanal e a natureza fazem-lhe companhia e ensinam-lhe muito mais do que qualquer dia na escola poderia ensinar.
A narrativa desenvolve-se em dois tempos: no passado, onde acompanhamos o crescimento de Kay, e no “presente”, onde está a ser investigado o homicídio de Chase, um jovem adorado na vila. Ao longo das páginas vamos percebendo como é que estas duas linhas temporais se relacionam e como o passado afecta o presente. Mas mais do que ser um livro de mistério, Where the Crawdads Sing é uma ode à natureza. As descrições do pantanal tornam-no quase uma personagem central deste livro – lembrou-me muito a Willow em Pocahontas, apesar de não ter traços humanos.
Wondering how it would feel to be among them. Their joy created an aura almost visible against the deepening sky. Ma had said women need one another more than they need men, but she never told her how to get inside the pride.
Não quero contar-vos mais para não estragar o prazer de ler este livro, mas posso dizer que me apaixonei pela narrativa, pelas personagens e por um pantanal que não conheço e nem sei se existe. Descobri entretanto que a autora tem 70 anos e este é o seu primeiro livro de ficção, mas sendo zoóloga escreveu vários livros sobre o reino animal, o que certamente contribuiu para a forma maravilhosa como descreve a natureza.
Se ainda não o leram, ponham-no nos vossos planos para 2021, sim? Se já o leram, contem-me: também se apaixonaram?
Se há coisa que gosto de fazer, e que já se tem tornado tradição nos últimos dias de cada ano, é voltar a organizar o Uma Dúzia de Livros para o ano seguinte. 2021 está quase a chegar e eu sei que no ano passado este desafio e clube de leitura não correu tão bem como queria, mas não vou mentir – foi um ano complicado e com falta de motivação para algumas coisas. O facto de ser difícil reunir presencialmente (e de o nosso grupo de WhatsApp ter sido “hackado”) também dificultou a comunicação.
Agora que estamos quase num momento de viragem, gostava mesmo que o próximo ano voltasse a ser um ano em que pudesse estar mais próxima de vocês nesta coisa das leituras. Esta iniciativa que criei ajuda-me a ler com mais foco e propósito – espero que também seja bom e útil para vocês. Para reavivar este Uma Dúzia de Livros, trago-vos os temas para a edição de 2021:
Gosto de acreditar que fomos aprendendo já várias coisas com este desafio e clube de leitura, pelo que este ano sugiro que as coisas se passem da seguinte forma:
> Os encontros de leitura voltam a ser mensais e online. Enquanto as coisas continuarem assim, parece-me que a melhor forma será mesmo continuarmos a optar pela forma digital de nos encontrarmos para discutir os livros. Desta forma, também conseguimos chegar a mais pessoas que não sejam de Lisboa.
> Blog & Instagram continuam os nossos melhores amigos. Como sempre, anúncios de temas e datas ou sugestões de livros serão aqui pelo blog (com respectiva divulgação nas Instagram Stories). Quero muito partilhar nas stories algumas das vossas leituras de cada mês, por isso toca a identificar-me!
> Grupo no Goodreads. É a grande novidade deste ano (obrigada, Carolina, pela sugestão!). A ideia será discutirmos por lá as nossas leituras mensais ou quaisquer outras leituras, na verdade. Sei que nem toda a gente tem conta do Goodreads, mas também nem toda a gente tem conta no Instagram e Facebook ou gosta de usar o WhatsApp. Se tiverem interesse, basta criarem conta e usarem este link para se juntarem ao grupo.
Gostaram dos temas deste ano? Já começaram a ver que livros têm por casa que possam aproveitar?
Primeiro que tudo: Feliz Natal, que ainda há boa educação aqui neste blog! 🎄 Espero que estejam a ter o melhor Natal possível, mesmo tendo em conta todas as restrições e cuidados que precisamos de ter este ano. E por falar nele, trago hoje o último post deste conjunto sobre os melhores de 2020.Vamos falar dos melhores livros que li!
Bem sei que costumam ser apenas listas de 5 coisas, mas 2020 foi um dos anos em que mais li e senti que só seria justo trazer aqui mais sugestões de leitura e, de certa forma, homenagear as histórias e os autores que me fizeram tanta companhia nestes tempos por casa. Não sei quanto a vocês mas, para mim, as histórias têm a capacidade de nos manter sãos e confortáveis na solidão.
Sem mais demoras (e apresentados pela ordem em que os li), aqui ficam as 10 melhores leituras deste ano:
1. A Man Called Ove, Fredrik Backman
Se eu chorei que nem um bebé com várias partes deste livro, sobretudo no final? E não foi pouco. A Man Called Ove conta a história de um velhote que, depois da morte da mulher, decide que também já não está aqui a fazer nada. Mas a vida vai-lhe pondo várias pessoas novas à frente e este senhor rabugento e de coração duro vai-se revelando cada vez mais.
Faço já o disclaimer: eu li muito dramalhão este ano e é mais ou menos isso que podem esperar neste top 10. Peço desde já desculpa, mas eu sinto-me sempre mais ligada a este tipo de histórias. Sobre este livro em concreto, e como já disse aqui pelo blog, “mais do que uma história difícil, é uma história bonita e comovente sobre a forma como amamos os outros, independentemente do tipo de amor de que estamos a falar. E é também sobre como encontramos sempre forma de amar novamente, mesmo depois de nos terem partido o coração.”
I stan Dulce Maria Cardoso e nem me venham tentar convencer de que ela não é uma das mulheres mais incríveis que este país já viu, porque é. Para além disso, escreve de uma forma quase perfeita e tem uma postura muito humilde em relação à sua escrita, dizendo sempre que tem que trabalhar muito para o fazer como faz. Esta primeira parte de Eliete foi-me estranhamente familiar, apesar de contar apenas “a vida normal” como ela é. Todos nós conhecemos uma Eliete e essa é a magia deste livro.
Uma das novidades deste ano (pelo menos para mim) foi a quantidade de livros de não-ficção que dei por mim a ler. Claro que ainda não superam (e duvido que venham a superar) os livros de ficção, mas sinto que tenho encontrado um conjunto de livros que reúnem o melhor dos dois mundos – histórias reais com uma escrita bastante literária. Educated, de Tara Westover, foi o melhor livro de não-ficção que li este ano. A autora conta-nos como foi crescer no seio de uma família Mormon, sobre o processo que fez na sua educação e as consequências familiares que isso teve.
Eu sou da opinião que Sally Rooney nunca vai desiludir e apesar de ter partido com algum receio para a leitura deste livro, a verdade é que acabou por me dizer mais do que Normal People, o grande êxito da escritora (já agora, vejam a série, vale muito a pena). Lembro-me de estar na praia do Porto Santo e não conseguir parar de ler! Devorei-o de tal forma que vou querer reler com mais calma no futuro.
Quem acompanha o blog e o meu Instagram há mais tempo sabe que Murakami é um dos meus autores favoritos de sempre e, tal como faço todos os autores de que gosto, tendo a guardar algumas leituras para aproveitar mais tarde. Norwegian Wood foi um desses casos e adorei regressar a um Murakami mais real, com o realismo mágico a aparecer apenas aqui e ali, sem ser o centro da narrativa. Tornou-se facilmente um dos meus preferidos dele!
Se houver aí pessoas que não tenham gostado da tetralogia A Amiga Genial, então façam o favor de se ausentarem deste blog, que eu não ando aqui a escrever para me deparar com situações destas. Bom! Agora que me acalmei, quero dizer-vos que esperei muito por este livro da escritora, uma vez que amei de morte a tetralogia e queria continuar embrenhada na escrita dela. A Vida Mentirosa dos Adultos não desiludiu e trouxe uma Elena Ferrante ainda mais crua.
Se estiverem à procura de um livro que vos faça rir, ao mesmo tempo que vos surpreenda e ensine coisas novas, this is the one. Adam Kay, ex-médico e actual comediante, publicou os seus diários da altura em que estava a fazer o internato de medicina no NHS, o Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido. A certa altura tem que escolher uma especialidade e opta por ginecologia e obstetrícia, pelo que podem calcular o tipo de casos hilariantes que lhe foram aparecendo.
Não digam, aposto que estão a pensar “mas como é que ela nunca tinha lido este livro?”. Bem sei, bem sei, mas senti que 2020 era o ano para colmatar esta falha e foi tudo estranhamente familiar com os acontecimentos deste ano. Não há grande coisa a dizer: adorei o livro, é Saramago no seu melhor.
Recentemente escreveu-se muito sobre racismo e privilégio branco, mas Such a Fui Age fê-lo, para mim, de uma forma bastante competente e colocando a tónica em questões importantes que nem sempre fazem parte destas narrativas. A escrita é leve e a narrativa tem alguns twists engraçados, por isso acho que vale mesmo a pena que o leiam.
Custou-me não incluir mais livros na lista, mas acho mesmo que estes foram os 10 melhores. E vocês, que livros escolheriam para o vosso top de 2020? Quero saber tudo e, quem sabe, ainda sair daqui com sugestões para o ano que vem.
Frio, dias mais curtos e fins-de-semana de isolamento pedem o quê? Mais um check na nossa lista de Filmes em 2ª Mão, como é óbvio. No fim-de-semana passado deixámo-nos invadir pelo espírito de amor desta altura no ano e decidimos ver When Harry Met Sally, uma comédia romântica de 1989 com Billy Crystal e Meg Ryan.
Em português chama-se Um Amor Inevitável e, apesar da piroseira que as nossas traduções são quase sempre, este título acaba por resumir bastante bem a essência deste filme. Sally (Meg Ryan) e Harry (Billy Crystal) conhecem-se quando terminam a faculdade e ambos vão morar para Nova Iorque depois de terem terminado a Universidade em Chicago. Sally dá boleia a Harry e não fica muito bem impressionada, mas os caminhos dos dois protagonistas vão-se cruzando ao longo de vários momentos diferentes em Nova Iorque.
A certa altura tornam-se melhores amigos e é aí que percebem que talvez sejam bem mais do que amigos. Se vos contar o resto corro o risco de estragar o filme a quem ainda não o viu. Acima de tudo, faz-nos pensar se de facto há ou não pessoas perfeitas umas para as outras. Posso também dizer que foi dos que mais gostei de ver até agora porque, apesar de conhecer algumas cenas (como a mítica em que a Meg Ryan finge um orgasmo em público), senti que superou as minhas expectativas.
Para além de tudo isto, When Harry Met Sally passa-se em Nova Iorque, um dos meus sítios favoritos no mundo, e foi incrível poder matar saudades da cidade por um bocadinho – ainda que à distância. Acho que é daqueles que vou querer rever de vez em quando, até! E vocês, já tinham visto esta comédia romântica que serviu de inspiração a tantas outras?