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Rita da Nova

Qua | 16.09.20

Feira do Livro // A edição de 2020

Que 2020 está a ser um ano atípico, nós já sabíamos. Mas não é que eu nem desgosto da ideia de se fazer a Feira do Livro de Lisboa entre Agosto e Setembro? E nem é tanto pela meteorologia, porque acho que apanhei tanto ou mais calor do que em anos anteriores, mas sim pelo facto de coincidir com a chegada de Setembro, o meu mês favorito e a altura dos recomeços e regresso à rotina (signifique isso o que significar este ano).

 

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Em anos anteriores já vos falei de como “ataco” esta feira - embora eu ache que acaba por compensar quase sempre comprar livros lá, há casos em que não é bem assim. Podem recuperar as dicas de como aproveitar melhor a Feira do Livro de Lisboa, que criei em 2017 e continuam a ser muito válidas. Para além disso, ainda podem saber o que comprei nas edições de 2018 e 2019.

 

Este ano decidi seguir ainda mais à risca as regras que tinha criado para me controlar e não gastar demasiado dinheiro em livros, a saber:

 

1. Comprar apenas Livros do Dia. Para saber o que há como Livro do Dia em cada editora e em cada dia, basta irem ao site da feira. O meu plano de ataque é sempre baseado no que está como livro do dia e, neste caso, acabei por ir apenas dois dias - um para comprar o que queria e outro para trocar um dos livros;

 

2. Escolher maioritariamente autores portugueses. Como gosto de ler em inglês e sinto que há algumas coisas que se perdem com as traduções, a Feira do Livro serve essencialmente para conseguir livros de autores portugueses bastante mais baratos;

 

3. Só comprar livros de autores estrangeiros em casos muito pontuais. Ou seja: se o preço compensar face àquilo que consigo encontrar no BookDepository e/ou se eu souber que vai ser mais difícil ler em inglês.

 

Uma das novidades da minha vida de leitora é que pedi um Kobo como presente de aniversário. Acho que irei sempre preferir ler livros físicos, mas encontro bastantes vantagens em ter um e-reader: andar com menos peso atrás, os livros serem mais baratos e ser, em geral, uma alternativa bem mais amiga do ambiente. Isto pesou também este ano porque decidi comprar apenas livros que não vou encontrar no Kobo ou que estivessem mais baratos do que na Kobo Store.

 

Isto resultou numa lista bem mais comedida do que em anos anteriores, mas eu sinto que escolhi bem aquilo que trouxe. Sem mais demoras, aqui ficam os livros que comprei este ano na Feira do Livro de Lisboa:

 

 

Why I’m no Longer Talking to White People About Race, Reni Eddo-Lodge (12,75€ 7,65€)

 

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Sinopse:

The book that sparked a national conversation. Exploring everything from eradicated black history to the inextricable link between class and race, Why I'm No Longer Talking to White People About Race is the essential handbook for anyone who wants to understand race relations in Britain today.

 

 

Um deus passeado pela brisa da tarde, Mário de Carvalho (16,60€ 8,30€)

 

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Sinopse:

Lúcio Valério Quíncio é o magistrado de Tarcisis, cidade romana da Lusitânia no século II d. C. Como dirigente máximo, cabe-lhe tomar todas as decisões, enquanto tumultuosos acontecimentos conduzem a pequena cidade ao descontentamento geral. No exterior, notícias de uma invasão bárbara iminente, proveniente do Norte de África, obrigam-no a drásticas medidas, enquanto, no interior das muralhas, uma nova seita, a Congregação do Peixe, põe em causa os valores da romanidade, evocando os ensinamentos de um obscuro crucificado. No plano íntimo, a paixão devastadora por uma mulher, Iunia, perturba-o e confunde-o, mas sem o afastar do cumprimento do dever.

 

 

A Vida Mentirosa dos Adultos, Elena Ferrante (20€ 18€)

 

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O único caso que não foi uma mega oportunidade, mas o livro tinha saído em Portugal no dia anterior e eu estava louca para o ler!

 

Sinopse:

«Dois anos antes de sair de casa, o meu pai disse à minha mãe que eu era muito feia» é a frase inicial deste romance. A revelação é feita por Giovanna, que ao olhar paterno se transformara de criança encantadora em adolescente imprevisível, que parecia tornar-se cada dia mais parecida com a desprezada tia Vittoria. A frase ouvida sem que os pais o soubessem vai levar Giovanna a procurar conhecer a tia, cujas fotografias foram apagadas dos álbuns de família e é evitada em todas as conversas. Para saber se estará realmente a tornar-se semelhante à tia, vai visitar a zona empobrecida de Nápoles, a conhecer uma versão diferente dos seus pais, provocando sem o saber a desagregação da sua família intelectual, compreensiva e perfeita na aparência.

 

 

O Tempo Entre Costuras, María Dueñas (18,80€ 9,40€)

 

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Sinopse:

«O Tempo entre Costuras» é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.

 

Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.

 

 

Ensaio sobre a Lucidez, José Saramago

 

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Incluo este livro porque o comprei na Feira do Livro, mas dois dias depois a FNAC foi super simpática e, a propósito do movimento “Livros. Uso Obrigatório”, enviou-me precisamente a mesma edição! Então no fim‑de‑semana passado dei uma voltinha na feira e troquei-o por O Tempo Entre Costuras.

 

Sinopse:

Num país indeterminado decorre, com toda a normalidade, um processo eleitoral. No final do dia, contados os votos, verifica-se que na capital cerca de 70% dos eleitores votaram em branco. Repetidas as eleições no domingo seguinte, o número de votos brancos ultrapassa os 80%.

 

Receoso e desconfiado, o governo, em vez de se interrogar sobre os motivos que terão os eleitores para votar em branco, decide desencadear uma vasta operação policial para descobrir qual o foco infeccioso que está a minar a sua base política e eliminá-lo. E é assim que se desencadeia um processo de rutura violenta entre o poder político e o povo, cujos interesses aquele deve supostamente servir e não afrontar.

 

 

Contas feitas - porque isso também interessa, gastei 43,35€ em vez de 68,15, o que faz muita diferença. Sinto que compro menos livros de ano para ano e fico muito orgulhosa de mim, porque consigo ser comedida e comprar apenas aquilo que realmente interessa. Trouxe apenas 4 livros e sei que vou lê-los com muito carinho - para além de ter dado os habituais passeios pela feira, que sabem sempre bem.

 

Vá, como sempre também quero saber o que compraram! Deixem aqui nos comentários 👇

Ter | 15.09.20

Clueless

Se têm acompanhado o blog nas últimas semanas, saberão certamente que eu e o Guilherme temos uma lista de filmes que nunca vimos (e devíamos ter visto) chamada Filmes em 2ª Mão. Todas as semanas, normalmente à sexta à noite ao sábado à tarde, tentamos ir percorrendo a lista - em alguns casos nenhum de nós viu o filme em questão, noutros casos um de nós acaba por rever porque é apenas novidade para o outro.

 

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Recentemente vimos, então, o Clueless (As Meninas de Beverly Hills em português). O Guilherme achava que já tinha visto, mas à medida que a história se foi desenrolando apercebeu-se que talvez não tenha visto o filme, mas sim a série - que surgiu depois. Eu não fazia ideia, mas este filme é vagamente baseado no livro Emma, de Jane Austen, quase como uma reinterpretação do que teria sido o enredo deste livro se se passasse no século XX.

 

Este filme é protagonizado por Alicia Silverstone, que dá vida à icónica Cher Horowitz, uma adolescente rica, mimada e muito popular entre os amigos. Mas ao contrário das comédias românticas a que estamos acostumados, esta personagem não é maldosa - tem só mesmo muito pouca noção do mundo à volta dela. À medida que o enredo se desenvolve, Cher vai encontrando a motivação em fazer bem pelos outros, muito incentivada por Josh, filho da ex-mulher do pai. Vamos a ver: se o Paul Rudd me tentasse influenciar a ser uma pessoa melhor, eu também não diria que não!

 

Ao contrário de alguns filmes que já vimos a propósito deste desafio que propusemos a nós mesmos, sinto que este filme envelheceu bem. Continua a ser um momento bem passado, é divertido e tem piadas muito boas, que ainda hoje funcionam. Percebo agora porque é que é tão intemporal e porque é que influenciou e inspirou tantas das comédias românticas e filmes de adolescentes que apareceram depois.

 

Quem desse lado já viu este filme? Contem-me o que acharam e o que sentem ser a experiência de o ver à luz de 2020. Se nunca viram ou quiserem rever, saibam que está na Netflix

Sex | 11.09.20

Budapeste, Chico Buarque

Última referência ao fim‑de‑semana no Porto, prometo! Não foi de propósito, mas coincidiu apanharmos a Feira do Livro do Porto, a que nunca tinha ido. E calhou também que me esqueci de levar um livro para a viagem e tudo isso acabou por ser a conjugação de factores perfeita para comprar o Budapeste, de Chico Buarque.

 

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Cresci com as músicas dele e do Caetano Veloso como pano de fundo das manhãs de sábado de limpeza em casa ou das tardes de domingo a passear de carro na marginal. Só que nunca tinha conhecido o Chico Buarque escritor e fiquei fascinada com a forma leve e tranquila como escreve, mesmo que esteja a falar de sentimentos mais complexos e não tão bonitos. Sempre achei que o português do Brasil é bem mais fluido e bonito do que o português de Portugal, algo que ficou ainda mais explícito para mim depois de ler este livro.

 

O Danúbio, pensei, era o Danúbio mas não era azul, era amarelo, a cidade toda era amarela, os telhados, o asfalto, os parques, engraçado isso, uma cidade amarela, eu pensava que Budapeste fosse cinzenta, mas Budapeste era amarela.

 

Budapeste conta a história de José Costa, um ghost writer de artigos de jornal, cartas de amor, poemas e, até, autobiografias. É no regresso de um encontro literário em Istambul que se vê forçado a uma paragem em Budapeste, onde se apaixona pela língua húngara. A partir daí, José Costa divide-se em dois homens diferentes, em duas línguas diferentes, em duas cidades diferentes e em dois relacionamentos diferentes.

 

Mas fiquei com o zil na cabeça, é uma boa palavra, zil, muito melhor que campainha. Eu logo a esqueceria, como esquecera os haicais decorados no Japão, os provérbios árabes, o Otchi Tchiornie que cantava em russo, de cada país eu levo assim uma graça, um suvenir volátil. Tenho esse ouvido infantil que pega e larga as línguas com facilidade, se perseverasse poderia aprender o grego, o coreano, até o vasconço. Mas o húngaro, nunca sonhara aprender.

 

É um livro muito musical, muito fácil de ler, que nos vai prendendo nesta dualidade que o protagonista vive - sem necessariamente embelezar as coisas que ele faz para conseguir manter estas duas mulheres em dois países diferentes. Fez-me pensar um bocadinho no facto de termos só uma vida, de nos comprometermos com um caminho, e nos caminhos que acabamos por não seguir por causa disso. Se tivéssemos essa oportunidade, viveríamos todos múltiplas vidas?

 

Gostei muito desta minha primeira experiência com o Chico Buarque escritor e quero continuar a investir. O que me recomendam que leia dele, a seguir?

 

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Budapeste por Chico Buarque

Avaliação: 7,5/10

Qui | 10.09.20

Brunch // Noshi

Eu prometo que estamos perante o último post sobre as coisas que comi no Porto - afinal, também fomos só sexta à tarde e voltámos domingo depois deste brunch no Noshi, que fica mesmo na Baixa. Ainda deu para darmos um passeio antes de entrarmos neste sítio lindinho, minimalista e cheio de natureza por todo o lado.

 

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O serviço foi um pouco demorado ao início, mas como não tínhamos propriamente pressa não foi problemático. Tivemos oportunidade de ficar na sala mais lá atrás, uma espécie de estufa cheia de plantinhas, onde me fui entretendo a contemplá-las. Pedimos um Invictus Brunch (16€) para os dois, que inclui um croissant com queijo creme e compota, panquecas de aveia com fruta, canela, mel e nozes, nachos com o dip do dia, pudim de chia, tacos de frango e a salada do dia. O brunch também tem um sumo de laranja e um café incluídos.

 

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Achámos que ia ser pouca comida, então pedimos também Ovos selvagens mexidos, com cogumelos, queijo feta e pão sem glúten (8€). E ainda bem, porque iriamos ficar com alguma fome só a dividir um brunch pelos dois. Para além disto, eu pedi uma Matcha Limonada que era mesmo muito boa.

 

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Foi uma boa forma de terminar esta nossa visita ao Porto - o ambiente é simpático e a comida é boa e barata para o que se costuma ver por aí. Fiquei curiosa com as focaccias que vi passar para a mesa do lado, por isso talvez regresse numa próxima viagem. E vocês, já conheciam o Noshi?

 

Noshi Coffee Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato