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Rita da Nova

Qui | 30.07.20

Filmes em 2ª Mão

No outro dia, em conversa ao jantar, eu e o Guilherme percebemos que há alguns filmes clássicos ou considerados obrigatórios que nós não vimos. Eu não vi uns, ele não viu outros e, até, há alguns em que falhámos os dois. Rapidamente surgiu a ideia de fazermos uma lista com esses filmes e, mais importante, de usarmos os fins-de-semana ou finais de tarde para os vermos. Um desafio a que chamámos Filmes em 2ª Mão!

 

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Isto para vos dizer que pensei também em ir relatando a aqui experiência de ver (ou rever) estes filmes que merecem ser vistos pelo menos uma vez na vida. Eu espero que seja acompanhado sempre de um balde de pipocas bem salgadas, de maneira a matar saudades de ir ao cinema - confesso que ainda não me sinto muito confortável em retomar esse hábito na minha vida. Vou deixar-vos aqui a lista como ela está até agora:

 

> When Harry Met Sally... (1989)

> The Breakfast Club (1985)

> Oldboy (2003)

> Il Gattopardo (1963)

> Some Like It Hot (1959)

> A Clockwork Orange (1971)

> Ladri di Biciclette (1948)

> Eternal Sunshine of the Spotless Mind (2004)

> Nuovo Cinema Paradiso (1988)

> American History X (1988)

> The Usual Suspects (1995) ✅

> La Vita è Bella (1997)

> One Flew Over the Cuckoo's Nest (1975)

> 12 Angry Men (1957)

> Breakfast at Tiffany's (1961) ✅

> Clueless (1995) ✅

> Alien (1979)

> 2001: A Space Odyssey (1968)

> Goodfellas (1990)

> The Truman Show (1998) ✅

 

A lista não está necessariamente pela ordem em que vamos ver e estará em constante actualização. Por isso: que outros filmes imperdíveis recomendariam, para ver se nos falta algum?

Qua | 29.07.20

O Labirinto dos Espíritos, Carlos Ruiz Zafón

E parece que esta minha aventura pela saga Cemitério dos Livros Esquecidos chegou ao fim! Se só chegaram agora e não sabem do que estou a falar, eu resumo: depois de saber da morte de Carlos Ruiz Zafón, decidi fazer algo que já vinha a prometer há muito - reler este conjunto de livros incríveis, desta vez por ordem cronológica dos acontecimentos. Ou seja: O Jogo do Anjo, A Sombra do Vento, O Prisioneiro do Céu e, por fim, O Labirinto dos Espíritos (este último era o único que ainda não tinha lido).

 

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Com O Labirinto dos Espíritos senti alguma dificuldade em ficar logo presa à acção, uma vez que o autor nos dá a conhecer uma personagem completamente nova - Alicia Gris, uma jovem adulta que tem um passado com Fermín e vem dar um lado completamente novo à história. Ou seja, senti que foi quase como recomeçar a saga de uma perspectiva completamente diferente. Ainda assim, mal engrenei, não consegui parar até ter lido todas as páginas.

 

Soube desde o princípio que queria viver entre livros e comecei a sonhar que um dia as minhas histórias poderiam acabar num daqueles volumes que tanto venerava. Os livros ensinaram-me a pensar, a sentir e a viver mil vidas.

 

O que eu mais gostei neste livro - que se tornou, possivelmente, o meu segundo favorito da saga -, foi o lado mais meta da narrativa. Cuidado que esta parte pode ter spoilers! Basicamente, Carlos Ruiz Zafón vai-nos fazendo ficar alerta para o facto de as histórias terem diferentes portas de entrada e diferentes formas de serem contadas. Não apenas a ideia mais comum de que há sempre dois lados na mesma história, mas uma ideia que me parece mais real, que é a de haver infinitas formas de contar uma mesma história.

 

A revelação final de que Julian Sempere, filho de Daniel Sempere, ser o verdadeiro autor dos quatro volumes que compõem esta saga deixou-me a pensar na humildade de Zafón enquanto escritor. Porque a verdade é que os livros têm vida própria para além de quem os escreve - ficam com a vida de quem os lê (como o próprio do Cemitério dos Livros Esquecidos nos mostra) e ficam com a vida tão própria das personagens que o autor cria e que o ultrapassam. Isto para concluir dizendo que Zafón tinha, de facto, uma noção gigante do que é escrever e, mais do que isso, do que é amar livros.

 

Acho que esta minha pequena review se tornou um pouco mais profunda do que eu tinha idealizado, acho até que não tinha pensado bem nisto até o ter posto em palavras, mas se consegui que ficassem curiosos em ler esta tetralogia… então, missão cumprida. Para quem nunca leu nada do autor, recomendo que sigam a ordem de lançamento dos livros (A Sombra do Vento, O Jogo do Anjo, O Prisioneiro do Céu e O Labirinto dos Espíritos), porque acredito que A Sombra do Vento é o melhor livro para se apaixonarem por ele. Caso já façam uma ideia, então sugiro a ordem cronológica porque senti que fez uma grande diferença na compreensão da narrativa (isso e ter lido todos seguidos, claro). Se optarem por esta via, basta inverterem a ordem dos dois primeiros).

 

Vá, agora contem-me: há alguém desse lado que eu ainda não tenha convencido a dar uma chance a este autor e, em especial, a esta tetralogia? Acusem-se!

 

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O Labirinto dos Espíritos por Carlos Ruiz Zafón

Avaliação: 8,5/10

Sex | 24.07.20

Uma Dúzia de Livros // Agosto: um livro baseado em factos reais

Oh, olá, Agosto! Como assim, Julho está quase a acabar e eu ainda não consegui cumprir o desafio a que me tinha proposto aqui - ler toda a saga Cemitério dos Livros Esquecidos, do Zafón? Bom, seja como for, estou no último (e maior) volume, que conto adiantar muito este fim‑de‑semana à beira de uma piscina! Mas hoje venho dar-vos um descanso nestas minhas leituras e falar-vos do tema de Agosto d’Uma Dúzia de Livros - um livro baseado em factos verídicos (ou completamente verdadeiro).

 

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Não sei se se lembram, mas a minha ideia original para Julho era reler O Diário de Anne Frank, por isso acho que vou aproveitar o tema de Agosto para voltar a pegar nele depois de tantos anos! E, caso tenha tempo, vou também finalmente ler o Educated, da Tara Westover, que já foi lido por algumas das pessoas do grupo (e muito recomendado!).

 

Caso ainda não façam ideia do que vão ler, recolhi três artigos que vos podem ajudar: 21 livros incríveis baseados em histórias reais (Book Riot), 15 novelas baseadas em histórias reais (The Oprah Magazine) e Os melhores livros baseados em histórias verídicas (Goodreads). Acho que estão aqui muitas e boas sugestões - e depois vou querer saber qual escolheram, claro!

 

Que planos de leituras têm para Agosto? Quero saber tudo, já sabem que acabo sempre por acrescentar imensos livros à minha lista por vossa causa.

Qua | 22.07.20

Night Boat to Tangier, Kevin Barry

Sabem uma coisa que costuma acontecer-me? Ser conservadora nos livros que levo para as férias - um dos motivos que me faz ponderar comprar um e-reader. Acho sempre que não vou ler assim tanto e acabo a roubar livros ao Guilherme. Foi assim que o Night Boat to Tangier de Kevin Barry, veio parar-me às mãos, a meio das mini-férias que fizemos pelo Alentejo. Ele ouviu falar bem num podcast e eu acabei por encomendar no BookDepository.

 

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A premissa da história é simples: dois irlandeses estão no Porto de Algeciras, em Espanha, à espera do barco nocturno que vem de e vai para Tânger, em Marrocos. Estão à espera da filha de um deles, que aparentemente fugiu para longe da família. Acompanhamo-los sempre ali, a falar com pessoas que passam ou, em alternativa, a remoer nas memórias do passado. É aí que ficamos a conhecer o passado dos dois no tráfico de drogas e os detalhes de uma amizade que tem mais zonas cinzentas do que parece à primeira.

 

But now he came up to himself slowly again—it was like rising through heavy water—and he was warmed by one of the great consolations: nothing very terrible lasts for very long.

 

Vou ser honesta: demorei a entrar na dinâmica do livro. Pareceu-me, isso sim, um excelente retrato do povo irlandês (e do sofrimento que deve ser viver num país sempre tão escuro e meio abatido), mas não senti grande empatia por nenhuma das personagens. De qualquer das formas, acho uma boa leitura para quem se interessa por temas como doenças mentais e relações disfuncionais - mais uma vez, o autor consegue aflorar estes temas e introduzi-los na narrativa sem que pareça muito forçado.

 

Provavelmente não o teria lido se tivesse levado mais livros para as férias, mas ler também é isto - cruzarmo-nos com livros que não são bem a nossa praia, mas que nos abrem os horizontes para outras formas de escrever e de contar histórias.

 

Quem desse lado já tinha ouvido falar deste livro?

 

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Night Boat to Tangier por Kevin Barry

Avaliação: 6,5/10

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