A ida ao Matateu com a Filipa Galrão, para este último Dividimos a Conta, não foi a primeira vez de nenhuma de nós neste restaurante. Na verdade, há bastante tempo que o Matateu é a minha escolha para alguns momentos, desde aniversários a encontros com amigos. Sempre gostei muito do espaço, que fica dentro do Estádio do Belenenses e tem uma decoração a honrar o jogador Matateu e todos os outros dessa época gloriosa do futebol.
Mesmo que não sejam muito fãs de futebol, tenho a certeza que vão adorar toda a vibe do restaurante. Acima de tudo, eu vejo-o como um sítio para ir com grupos relativamente grandes e petiscar (embora já tenha ido apenas com o Guilherme, por exemplo).
A carta está toda dividida pelos diferentes momentos de uma refeição e, curiosamente, de um jogo de futebol: do aquecimento ao prolongamento, passando pelos cartões amarelos e os penalties. Neste jantar com a Filipa acabámos por não seguir uma ordem específica e fomos pedindo de tudo um pouco, sendo que tivemos obrigatoriamente que começar com o pão de Mafra, as manteigas e azeitonas.
A partir daí, foi um jogo caótico mas interessante de observar: primeiro veio o Ceviche de Salmão e logo depois um Bulharaco de Alheira, que é das coisas que mais gosto neste restaurante. Aliás, pedimos apenas um para mim, para verem o quão adepta sou (viram o que fiz aqui?).
Logo a seguir apanhámos um cartão amarelo com os Ovos com Espargos Verdes, que acompanhámos com uns Peixinhos da Horta muito bem cozinhados. Para terminar, chegou o Pica-pau de Atum, que, para além do puré de batata doce que normalmente o acompanha, vinha também com umas Chips de Batata Doce que pedimos já mais por gulodice do que outra coisa.
E por falar em ter mais olhos do que barriga, no final o Matateu ainda nos surpreendeu com uma forma deliciosa de terminar este jogo. Trouxeram-nos um Camembert au Gratin e, logo a seguir, um trio de pontas-de-lança no que às sobremesas diz respeito - um Pudim de Maracujá com Suspiro de Baunilha, uma Mousse de Chocolate e uma Tarde de Maçã Desconstruída. Das três, a Mousse de Chocolate foi claramente a minha favorita porque não era muito doce e as lascas de amêndoa lhe davam um toque crocante.
Ainda assim, entre o queijo e as sobremesas eu declaro um empate nesta coisa de terminar esta refeição, uma vez que são ambos das minhas coisas favoritas deste mundo. Há muito tempo que não ia ao Matateu, mas a experiência foi tão boa (ou melhor) do que das outras vezes. Se não conhecem este restaurante e ficaram com vontade de provar todas estas coisas boas, então já sabem o que têm que fazer!
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O Matateu é um restaurante Zomato Gold, onde os aderentes têm direito a um prato na compra de outro. Se vos agrada a ideia comprar um prato ou uma bebida e ter outro grátis, subscrevam também a Zomato Gold com o código RITADA e tenham 25% de desconto!
[Todas as fotografias deste post são da autoria da Margarida Pestana.]
Já aqui vos tinha falado do Geographia, onde a comida fala português. Na altura visitei-o ao jantar e adorei a experiência, não apenas pela comida, mas também pela capacidade que o espaço tem de nos fazer viajar para outros continentes e outras épocas. Aliás, gostei tanto que elegi este restaurante como um dos melhores de 2018!
Na semana passada voltei lá, desta vez ao almoço para experimentar as novas quatro saladas da carta. Cada uma delas é inspirada num continente diferente e tudo é pensado para nos trazer alguns dos ingredientes mais usados consoante as zonas do globo. Depois de ler e reler o menu, percebi que não conseguia simplesmente escolher uma delas - eram todas tão diferentes, que dava vontade de pedir um bocadinho de cada. O Guilherme estava com a mesma dificuldade e devia perceber-se pelas nossas caras, porque vieram logo perguntar-nos se gostávamos de provar as quatro em doses mais pequenas.
Aceitámos logo a ideia e pedimos um Couvert e uma Limonada de Menta enquanto esperávamos que nos trouxessem esta pequena degustação de saladas. Uma coisa que precisam de saber é que as imagens que vão ver destas quatro saladas correspondem a doses muito mais pequenas do que é suposto. A ideia é que uma salada corresponda a uma refeição que nos deixe satisfeitos (e, acreditem, ao fim de quatro mini doses eu já estava bastante cheia!).
Sem mais demoras, conheçam as quatro saladas nesta galeria (basta andar para o lado):
As quatro saladas são todas muito diferentes e cumprem mesmo a promessa de passarmos pelos quatro cantos do mundo. Assim sendo, não consigo eleger a melhor de todas, mas posso dizer-vos que fiquei especialmente surpreendida com a Europa e a América. Acho que o elemento comum que encontrei foi o lado mais crocante que ambas têm e que eu adoro!
Como não dava para fazer uma refeição 100% saudável, acabámos por pedir uma mini dose de Mousse de Chocolate de São Tomé e seu Salame, que não é excessivamente doce e acompanha bastante bem um café.
Se são como eu e adoram saladas, aqui têm um sítio com receitas diferentes e inovadoras (ao contrário da maioria dos restaurantes, em que as saladas são todas iguais!). Ao almoço existe a opção de escolherem qualquer uma delas para incluir no prato do dia e ao jantar continuam a estar presentes na carta. Ficaram com vontade de as provar, agora que o calor parece ter chegado finalmente?
A Filipa foi uma das primeiras pessoas que pensei convidar para o Dividimos a Conta, ainda o projecto não tinha saído do papel. Depois a vida foi acontecendo e só agora tivemos, finalmente, o nosso jantar. O processo de escolha de restaurante não foi complicado, até porque a Filipa reúne todos os ingredientes de uma companhia perfeita para jantar. Ora vejamos: não é esquisita, gosta de (quase) tudo, é fã de uma boa conversa e adora conhecer novos sítios. No final das contas escolhemos o Matateu, conhecido pelos petiscos para partilhar e a ligação ao futebol.
Para além de uma das minhas primeiras escolhas para esta rubrica, a Filipa também foi uma das primeiras pessoas que eu vi e ouvi a falar da dieta Paleo. Para quem não conhece o conceito, é um estilo de alimentação que promove um regresso aproximado ao que seriam aos hábitos alimentares dos homens do paleolítico. Durante seis meses - e até engravidar do Eusébio - seguiu a 80% esta dieta. “Os Paleo nunca o são a 100% porque existem algumas áreas cinzentas, coisas que não está provado se fazem bem ou fazem mal, então navegamos um bocadinho ali à volta”, explica.
Lembra-se perfeitamente do momento em que ouviu falar de Paleo e contou-me o que a atraiu. “Estávamos na rádio onde de vez em quando recebemos livros e uma editora tinha acabado de editar o Energia Paleo, do guru internacional do Paleo. E eu li aquilo e fez-me imenso sentido. Percebi que aquela dieta não era uma dieta, era um lifestyle, e que se adequava muito às minhas necessidades - querer ser saudável ao máximo, não emagrecer e ser fã de carne. A partir daí comecei a seguir um bocadinho mais a sério.”
Nunca se tornou fundamentalista e já não se rege apenas por este estilo de alimentação, mas admite que lhe ficaram bases que ainda segue hoje em dia. “Hoje não sigo, mas fiquei com algumas directrizes na cabeça: mais gorduras e proteínas, menos hidratos e tudo o mais natural possível, que eu acho que é uma coisa que toda a gente devia seguir. Se compras uma coisa que tem sete ingredientes no rótulo e se a terceira é açúcar ou só tem nomes impronunciáveis, então está qualquer coisa mal. Sabes que estás a fazer as escolhas mais naturais se vens para casa e trazes mais sacos do que embalagens, por exemplo.”
Enquanto chegavam os primeiros petiscos à mesa, a nossa conversa resvalava naturalmente para temas como a sustentabilidade. Ainda que haja um grande caminho a fazer, a verdade é que somos uma geração cada vez mais consciente. E isso nota-se sobretudo na forma como alimentamos os nossos filhos, por exemplo, onde tem que haver um equilíbrio muito grande entre o que é conveniente e o que é saudável.
“O Eusébio já vai fazer dois anos, que supostamente é aquela idade a partir da qual já podem fazer tudo, mas queria evitar ao máximo que ele comesse fritos e açúcares em excesso. Não sou fundamentalista, mas admiro as mães que são, acho que é mesmo um esforço hercúleo. Mas nota-se mesmo uma diferença nas crianças que comem poucas coisas processadas.”, resume.
Uma perspectiva muito diferente do que era a nossa alimentação em miúdos. A Filipa recorda com saudade algumas das suas primeiras memórias relacionadas com comida. “Eu comi Cerelac ao pequeno-almoço todos os dias até aos 18 anos e até para aí aos 10 a minha mãe dava-me a Cerelac na cama. Na verdade só tenho memórias de coisas que me fazem mal, lembro-me de comer estrelitas, na altura em que tinham muito açúcar, seco, sem leite, a ver os desenhos animados depois da escola.”
Não é possível falar de comida e infância sem que a Filipa de lembre da avó. “Para mim, cozinha é a minha avó. Ela vive com os meus pais desde que eu tinha uns 15 ou 16 anos e foi sempre ela a cozinhar. Ainda hoje em dia é ela que cozinha, é ela que faz as sopas do Eusébio. Comemos imensa sopa feita por ela, que é a melhor do mundo. E eu não gosto de sopa sem ser a dela!”
Em criança dizia muitas vezes que o seu prato favorito eram codornizes com batata frita, algo muito incomum naquela idade, o que só mostra que é pouco esquisita com a comida. Ainda assim, se só pudesse comer uma coisa até ao final da vida, escolhia o ovo. “Adoro ovo em tudo e com tudo. De qualquer forma: escalfado, cozido… eu alimentar-me-ia apenas de ovos facilmente. E lá está, quando comecei a ler mais sobre a filosofia Paleo percebi que o mito à volta do ovo é errado. Diz-se que o ovo só provoca colesterol, que não podes comer mais do que um ovo ou dois por dia, mas afinal é dos alimentos mais completos que existe.”
Como, felizmente, pode comer mais do que uma coisa, a Filipa não se inibe de nada - nomeadamente de comer coisas estranhas. Numa viagem ao Vietname, Cambodja e Laos, experimentou baratas fritas. Sim, eu disse baratas, não batatas. “Eu tentei ser super racional a comer, em vez de achar um nojo decidi que ia provar e avaliar se realmente era bom. Acho que eles comem aquilo lá como nós comemos as pevides, tipo partes a casca e comes o que está lá dentro, que é quase nada.” Para além desta experiência diferente, a gastronomia da Ásia ficou-lhe para sempre na memória como uma das favoritas: “achei que eles têm uma boa relação com a comida, sabes? Não é que a comida seja sagrada, mas percebes que eles tratam bem a comida. Gostam de comer e o gostar de comer não é enfardar. Vês as pessoas a comer ramen ao pequeno-almoço, já viste o cuidado que é preciso teres para preparares uma coisa dessas logo de manhã?”
E eu percebi entretanto que não é muito diferente do cuidado e carinho que a Filipa tem quando prepara panquecas em casa, uma das coisas que cozinha especialmente bem. “Tens que comer panquecas muito bem feitas, se calhar por mim, para me conheceres. Gosto muito de fazer, de misturar farinhas com sementes, com fruta… gosto mesmo de ir experimentando. E depois o Eusébio é o meu barómetro, vai testando tudo aquilo que eu faço e eu vou percebendo o que é bom e o que resulta. Se comeres as minhas panquecas, conheces-me.”
Saí do nosso jantar no Matateu com vontade de conhecer melhor a Filipa através desta promessa de panquecas. Se ficaram com curiosidade de saber mais sobre ela, podem fazê-lo de diversas formas. Ora vamos lá ver: ela tem um blog, ela tem um Instagram e ela até tem um podcast. Para além disso, podem sintonizar na Mega Hits de segunda a sexta, das 3 às 7 da tarde, para a ouvirem no programa Filhas da Pop. Combinado?
1. Refeição favorita? Pequeno-almoço.
2. Cozinhar ou comer fora? Comer fora.
3. Um restaurante de sempre? Nenhum, quer ser sempre surpreendida.
4. Uma moda gastronómica de que até gostas? Batata doce.
5. Algo que cozinhas especialmente bem? Panquecas e omeletes.
6. Uma alergia? Porco preto (intolerância).
7. Chá ou café? Antes de engravidar, chá. Agora café.
8. Uma comida do mundo? Nasi goreng.
9. Um restaurante que querias que se mantivesse segredo? Algumas tasquinhas no Algarve, cujos nomes não se lembra.
10. Dividir a conta ou cada um paga o que comeu? Dividir a conta.
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Este post faz parte da rubrica Dividimos a Conta. Todos os meses convido uma pessoa para almoçar ou jantar fora em restaurantes Zomato Gold, para conversarmos sobre a sua relação com a comida. O que gosta, o que não gosta, o que aprendeu a gostar, mas manias, as receitas de família… enfim, o que surgir. A parte boa é que, com a Zomato Gold, temos sempre direito a um prato grátis a compra de outro (e se usarem o código RITADA, têm 25% de desconto na subscrição de qualquer pacote).
[Todas as fotografias deste post são da autoria da Margarida Pestana.]
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que me referi ao Guilherme como meu marido de forma natural - foi na caixa do Continente, quando a senhora me perguntou contribuinte na factura. Eu respondi: “sim, mas não é o que está associado ao cartão, que esse é o do meu marido”. Um momento tão romântico e ele nem estava lá para assistir porque calhou no dia em que fui às compras sozinha.
Faz hoje um ano que lhe tenho vindo a chamar marido. Quer dizer, tecnicamente fez há dois dias, mas nós gostamos mais de assinalar o dia 8 de Julho - não só porque foi o dia em que nos conhecemos, mas porque foi também o dia em que celebrámos o nosso casamento com família e amigos. Não me resta grande coisa a dizer sobre a nossa relação e sobre a forma como temos crescido um com o outro. Na realidade faço-o mais vezes do que achava serem necessárias antes de o conhecer.
Há quem diga que o casamento não muda nada, eu própria achava que seria assim quando propus que nos casássemos, só que não é bem assim. É claro que não mudou nada na forma como nos vemos um ao outro e muito menos naquilo que sentimos, ainda assim há coisas boas no casamento. A maioria delas são apenas facilidades burocráticas, mas há também uma sensação de segurança na forma como estamos ligados um ao outro - eu sei que, se me acontecer alguma coisa, ele vai poder decidir e estar a meu lado; eu sei que esta casa será sempre dos dois, mesmo que um de nós já não esteja cá.
Para nós o casamento nunca foi um ponto de partida para sermos uma família, foi apenas uma forma de a tornar mais forte e segura. Eu, ele, a Guinness, a BB-8 e o Risotto já éramos uma família feliz (quem diria que não é só o nome de um prato chinês) e agora temos uma casa nossa e algumas plantinhas para compor o quadro. 💛