// ESTE POST NÃO CONTÉM SPOILERS DO ÚLTIMO EPISÓDIO DE GAME OF THRONES //
Eu era das cépticas. Das que não viam piada numa série com dragões e zombies congelados - até que comecei a espreitar um ou outro episódio. Não foi amor à primeira vista, mas como se costuma dizer, it grows on you. E hoje, como em todas as segundas-feiras desde o início da última temporada, levantei-me mais cedo para ver o último episódio de sempre.
Bem sei que agora somos todos guionistas e está muito na moda odiar o rumo que a série tomou, mas eu estou em paz com o fim. Seria sempre difícil terminar uma história que está connosco há tanto tempo e que tem tantas personagens tão bem construídas - acontece assim com todas as séries do género e eu não quero alongar-me nesta rant contra os indignados.
Quero, sim, agradecer à série e a certas personagens por me terem ensinado algumas coisas. No final do dia, é para isso que as histórias servem: para nos fazerem sentir coisas que de outra forma não sentiríamos, para nos colocar em sítios onde nunca teremos capacidade de ir, para nos ligar a pessoas que são tão parecidas connosco ou tão diferentes de nós. Por isso, sem mais demoras, aqui vai:
À Cersei Lannister, a minha personagem favorita de toda a série (#sorrynotsorry), por me ter mostrado que quando amamos nada mais importa;
À Arya Stark e à Brienne de Tarth, por serem símbolos de poder feminino;
À Olenna Tyrell, que tanto me faz lembrar a minha Avó;
Ao Jon Snow, que apesar de tontinho sempre conseguiu ver que vamos mais longe se formos juntos;
Aos irmãos Stark, por reforçarem que há poucas ligações tão fortes como as dos irmãos;
A Game of Thrones, por me ter mostrado que podemos gostar de coisas que, à primeira vista, nada têm a ver connosco. Que o imprevisível pode ser bom, mesmo nós sabendo que todos os homens têm que morrer.
E agora que disse umas palavras, vou mas é compensar o vazio que sinto com os livros. Quem se junta a mim?
A expressão “do prado ao prato” nunca fez tanto sentido como aqui, no Prado, o restaurante aberto pelo chef António Galapito - que é assim uma espécie de jovem-revelação nestas lides gastronómicas. Construído num edifício que já deu espaço a uma fábrica de conservas, é fácil sermos transportados para a natureza mal entramos neste restaurante.
Estava desde que abriu na minha wishlist de restaurantes, mas decidi esperar e oferecer um almoço lá ao Guilherme pelo aniversário. Sabia que ambos íamos gostar da experiência, mas não estava à espera de ficar tão rendida a este projecto. Se eu tivesse que escolher uma palavra para descrever a experiência no Prado, seria simplicidade. Porque realmente tudo parece simples e fácil, ali. Ora vejamos: é tão simples como escolher apenas ingredientes portugueses e da época; tão simples como ter uma carta de vinhos exclusivamente naturais e orgânicos; tão simples como mudar a carta consoante mudam os ingredientes disponíveis no dia.
“O lombo de atum hoje está delicioso, já provei e recomendo muito”, disse-nos a rapariga que nos recebeu. Pois é, tão simples quanto isto: um atendimento personalizado e simpático. É claro que seguimos a recomendação, mas antes disso pedimos outras duas coisas para começar: o Pão de trigo Barbela da Gleba (que OH MEU DEUS, QUERO CASAR COM ESTE PÃO) e dois Tártaros de Barrosã e Couve Galega Grelhada, muito frescos e diferentes.
As doses não são muito grandes e explicaram-nos que a carta não é dividida em momentos. Cada um pode construir a refeição como quiser, sendo que aconselham vivamente a partilhar. Foi isso que fizemos: pedimos um prato de Espargos Verdes com Requeijão e Azedas, um Boi com Rabanetes e o Lombo de Atum. Não consigo mesmo dizer-vos qual o meu favorito, o que só pode ser bom sinal.
Apesar de ter partido para este almoço quase às cegas relativamente ao que ia comer no Prado, sabia que queria muito experimentar uma sobremesa - o Flan de Café com Avelãs. Amei! Era mesmo, mesmo, mesmo boa - o pudim não era muito doce, o que liga muito bem com o caramelo e o crocante das avelãs.
Bem sei que foi um presente para o Guilherme, mas eu também encarei este almoço como uma prenda para mim. É certo que não é uma refeição barata, mas acreditem que para a qualidade da comida e a preocupação com os ingredientes, achei até bastante mais em conta do que esperava. Num dia em que vos apeteça celebrar, é este o sítio.
Quem já conhecia o Prado? Ficaram com curiosidade?
O último andar do Centro Comercial da Mouraria não me era totalmente estranho - já tinha estado a jantar no TOPO e a aproveitar a esplanada com vista para o Castelo de São Jorge. Sabia que entretanto tinha aberto mais um restaurante nesse espaço, mas foi só quando a Teresa Cameira escolheu o Kin para o nosso Dividimos a Conta que o conheci.
A sensação que tive, ao entrar neste espaço, foi a de estar a ter acesso a um clube privado. O Kin não é um restaurante muito grande, mas a decoração e a disposição das mesas passam-nos - ao mesmo tempo - um ambiente de conforto e exclusividade. Fiquei doida pelo dragão de papel gigante que está pendurado no tecto, uma peça que tem a capacidade de nos transportar imediatamente para a Ásia.
O resto da viagem é garantido pela comida, que é inspirada em vários pratos asiáticos conhecidos. A carta não é muito extensa, mas as doses são generosas, por isso recomendo que não se entusiasmem muito a pedir - sejam conservadores e vão medindo a fome que ainda têm à medida que se forem deliciando com as diferentes iguarias. Nós éramos três, como costuma acontecer em todos os jantares do Dividimos a Conta, e decidimos pedir três entradas e dois pratos - tudo para partilhar.
Primeiro chegaram os Vietnam Rolls de Gambas, as Gyozas de Vegetais e os Baos de Porco, que acompanhámos da seguinte forma: a Teresa com uma Singha, eu com um cocktail Lotus Flower e a Margarida com um Spicy Asian tudo num estilo muito Sex and the City (se a cidade em que a série se passa fosse na Ásia e não NYC, claro). As entradas estavam todas muito saborosas, mas confesso que as Gyozas foram as minhas favoritas por estarem bem crocantes por fora e suculentas por dentro.
Depois disso atiram-nos a um Pad Thai de Gambas e a um Nasi Goreng de Frango, este último por sugestão da Teresa. Eu e a Margarida só fazíamos mesmo questão do Pad Thai e acabámos muito surpreendida com o Nasi Goreng, que ainda não conhecíamos. É um prato indonésio de arroz frito, misturado com vegetais e ovo.
O jantar (não a conversa) terminou com uma Panacota com Gelado de Sésamo Negro e Caramelo Salgado. Se me conhecem sabem que esta combinação de palavras me vai directa ao coração, por isso não houve como resistir a pedir esta sobremesa. Escusado será dizer que mal posso esperar por repetir um jantar com esta companhia, idealmente num sítio que receba tão bem quanto o Kin.
Já subiram ao último andar do Centro Comercial da Mouraria para experimentar este restaurante ou está na vossa lista de sítios novos a conhecer? Contem-me tudo nos comentários!
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O Kin é um restaurante Zomato Gold, onde os aderentes têm direito a um prato na compra de outro. Se vos agrada a ideia comprar um prato ou uma bebida e ter outro grátis, subscrevam também a Zomato Gold com o código RITADA e tenham 25% de desconto!
[Todas as fotografias deste post são da autoria da Margarida Pestana.]
Tenho pensado muito na morte, ultimamente. Às vezes estamos deitados no sofá e, de repente, sinto o meu corpo a perder o sangue. Lembro-me que, de um momento para o outro, posso ficar sem ti. Nesses momentos agarro-te com um pouco mais de força e de certeza - sei que estou no melhor lugar do mundo, mas também sei que esse lugar não é para sempre. Sei que isto parece tudo muito fatalista; afinal fazes anos e eu estou para aqui a falar de morte e perda, mas não posso deixar de pensar que já deste mais uma volta ao sol e que a cada volta que dás é menos tempo que temos.
É por isso que quero dizer-te coisas importantes e um pouco mais felizes. Acredita que, se não tas digo mais vezes, é porque tenho este defeito de pensar muito e expressar pouco. Quero dizer-te que tenho muito orgulho em ti - cliché, eu sei. Lembras-te de todas as conversas que tivemos sobre o teu futuro, se estarias ou não a ir pelo caminho certo? Acho que começamos a perceber que é tudo uma questão de tempo porque trabalho e dedicação são coisas que não te faltam.
Que é fascinante ver o que fazes pelas pessoas que amas, o apoio incondicional que és. Aquela coisa de uma pessoa que ilumina uma sala quando entra pode também ser um bocadinho cliché (e vão dois), mas é mesmo verdade quando essa pessoa és tu. Fizeste isso comigo - e por “sala” entenda-se “vida”.
Que por mais que te desiludam e magoem, é incrível ver a fé que tens nas pessoas. Acreditas nelas, dás-lhes o benefício da dúvida, vês nelas coisas que a maioria das pessoas não consegue ver.
Por isso vamos lá: vamos dar mais uma volta ao sol juntos. Prometo que vou tentar focar-me menos no tempo como constrangimento e mais no tempo como oportunidade de ter uma pessoa como tu a meu lado.