Então não é que eu não ia ao Brunch do Mundo desde Dezembro, altura em que se provavam os sabores do sul de África? Não pensem que eu deixei de gostar deste projecto e de apoiá-lo - nada disso -, mas o trabalho do homem ao fim-de-semana começou a meter-se pelo meio e fui deixando para quando tivéssemos uma oportunidade de ir juntos. Como isso não aconteceu, este fim-de-semana resolvi pegar no meu pai, na minha Mónica e no meu irmão e lá fomos nós.
Foi quase como redescobrir a dinâmica deste brunch, não apenas porque ia com estreantes, mas também porque eu mesma não ia há imenso tempo. Conseguimos quatro lugares à mesa deste voo com destino à América do Norte e Centro e, quem acompanha o Brunch do Mundo, sabe o que isso quer dizer. Quesadilhaaaaaaaassssss! Mas já lá vamos, que antes de chegar ao México andámos por outros países.
Antes disso acalmámos a fome com Pão de Milho - provavelmente o cereal mais abundante desta zona - e um Pão Bimini, com textura de queijada e um sabor adocicado, muito típico das Bahamas. A esta festa já meio tropical juntou-se o Sorrel Jamaicano, uma bebida feita à base de hibisco com laranja e canela a acompanhar.
A Dominica foi a nossa primeira paragem e não, não estamos a falar da República Dominicana. Lá há dois ingredientes muito abundantes: a abóbora e o gengibre, por isso nada melhor do que juntar ambos numa Sopa de Abóbora e Gengibre e acrescentar-lhe umas lascas de côco. Mesmo estando calor, a sopa soube muito bem para começar. Logo a seguir subimos bem até ao topo do continente americano para visitar o Canadá através do Ovo Ramequim com Espinafres e Maple Syrup. Parece estranho, certo? Não se preocupem, que todos nós olhámos assim meio de lado para o prato, mas depois de o provarmos percebemos que era um dos grandes favoritos do grupo.
Para terminar os pratos salgados, fomos então finalmente ao México comer a maravilhosa Quesadilha de Feijão, Tomate e Guacamole. É possivelmente um dos melhores pratos desde os primórdios do Brunch do Mundo, tanto que ao fim de três temporadas ainda não saiu do menu (e está sempre nos menus de best-of!).
Já sabem que a minha parte favorita é (quase) sempre os doces, mas neste caso senti que estava um menu tão equilibrado que não consigo decidir a melhor parte. Mas bom, fazemos assim, eu apresento as três sobremesas e vocês logo me dizem o que acham melhor - os doces ou os salgados. Logo a seguir ao México fomos aos Estados Unidos da América para experimentar uma receita que se popularizou na altura da II Guerra Mundial, quando a comida era racionada e a beterraba abundava - os bolos red velvet. É por isso que a Waffle de Red Velvet que comemos tem esta cor avermelhada.
Antes de terminarmos esta viagem deliciosa ainda fizemos duas paragens: primeiro fomos a Cuba, onde experimentámos a Granola de Milho com Creme de Goiaba e Iogurte. Se há coisa de que tenho saudades em Cuba é, precisamente, de comer goiaba todos os dias. Havia sempre ao pequeno-almoço e eu acabava a roubar o das outras pessoas que se sentavam à mesa porque era a única que adorava. Só depois passámos por El Salvador, um país não tão idílico assim pela história atribulada e os gangues que por lá andam, mas onde se comem umas Quesadilhas Salvadorenhas maravilhosas. Ao contrário das do México são doces e são muito comidas ao pequeno-almoço.
Não é o meu menu favorito do Brunch do Mundo, mas foi uma boa forma de introduzir a minha família a este brunch e, claro, de regressar a estas viagens de que eu tanto gosto. Infelizmente esqueci-me de tirar uma fotografia à polaroid do final, mas vou tentar arranjar e depois actualizo aqui o post! E, como não poderia deixar de ser (agora que ma enviaram), aqui fica a habitual fotografia de grupo:
Já sabem: estejam atentos ao Instagram e ao Facebook, onde as datas são anunciadas. Há 22 lugares livres em cada data, mas para garantirem o vosso têm que ser dos primeiros a enviar e-mail. Boa sorte e boa viagem! 🌍
À medida que vão abrindo mais e mais restaurantes em Lisboa, fica complicado uma pessoa apaixonar-se realmente - seja porque já nos parecem todos iguais ou porque não têm uma alma verdadeira. Apesar de conhecer vários restaurantes onde tenho boas experiências, há muito tempo que não saía rendida de um espaço como saí ontem do Farès, uma taberna de comida do Médio Oriente que abriu na Rua de São Paulo.
Não comecem já a torcer o nariz e a dizer que não percebem nada da gastronomia desta parte do globo. A pensar em todos os comuns mortais, a carta deste restaurante começa com um pequeno dicionário que explica o que significam termos como zaatar, sumac ou kefta - e que são tão importantes para dar sabor a esta cozinha. Demorei um bocadinho a concentrar-me na ementa porque o espaço, sendo muito pequenino, é mesmo muito giro. Tem até um daqueles balcões à janela que fazem parecer que estamos numa esplanada quando, na realidade, estamos sentados dentro do restaurante.
Quando finalmente pegámos na carta para decidir o que pedir, soubemos logo que queríamos começar com uma Limonada de Mirtilo e Romã e um Tahini cremoso, zough e malagueta grelhada com Pão Pita.
Não sendo muito grande, o menu dá-nos a conhecer algumas iguarias deste lado do mundo: pratos de queijo, vegetarianos, de carne ou vários tipos de hummus. Nós pedimos um pouco de tudo e adorámos o Cassolette de Carne Picada, o Hummus com Pá de Borrego e o Halloumi Frito e Crocante, sendo que estes dois últimos pratos foram definitivamente os nossos favoritos. É importante dizer duas coisas: 1) eu casava já hoje com aquele halloumi e, 2) o hummus foi recomendação da menina amorosa que nos recebeu e serviu durante o jantar e acertou mesmo em cheio naquilo de que gostamos.
Também foi ela a recomendar o Crème Brulée de Flor de Laranjeira para terminar a refeição. É uma sobremesa super aromática, com sabor a diferentes especiarias, como cardamomo e anis, ideal para terminar uma refeição feita de sabores intensos e q.b. picantes.
A Rua de São Paulo já tinha o meu restaurante favorito de sempre - o Pistola y Corazón -, mas agora tem mais um espaço de que gostei como já não gostava há muito tempo. Só vos posso recomendar que vão experimentar porque é muito, muito bom. Já tinham ouvido falar?
As entrevistas de emprego sempre foram muito dolorosas para mim. Sinto que aquela meia hora é sempre injusta: é difícil passarmos o que somos e o potencial que temos com apenas meia dúzia de respostas às perguntas do costume:
Onde é que te vês daqui a 10 anos? Quais dirias que são as tuas maiores qualidades e defeitos?
É claro que a esta última respondemos sempre que somos perfeccionistas e que isso é um defeito porque nos impede de entregarmos as coisas sem elas estarem exactamente como queremos. Nas entrevistas de emprego somos todos iguais e fica complicado sairmos de lá com a sensação de que correu bem.
Mas do lado de quem entrevista também não é a coisa mais fácil do mundo. No final do ano passado fiz a minha primeira entrevista de emprego e tenho feito algumas nos últimos meses e torna-se complicado avaliar o que aquela pessoa vale só por aquilo que nos conta sobre si. Gosto sempre de perguntar o que é que os entrevistados fazem fora do trabalho, que hobbies e gostos têm, só que nem todos exploram assim tanto esse lado.
O ideal, para mim, seria conhecer as pessoas num contexto mais informal (num café, por exemplo) e depois organizar uma on job experience, onde os candidatos pudessem experimentar trabalhar no lugar para que se candidatam durante um dia - assim é mais fácil mostrar o que valem.
Há desse lado quem partilhe desta minha dificuldade em entrevistas de emprego?
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Este é o 37º post da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com o P.A., mas vocês também estão mais do que à vontade para pegar nos temas e escrever sobre eles. O tema deste texto foi lançado por ele (nota-se, certo) e isso significa que para a próxima edição sou eu a lançar o tema. Que tal escrevermos sobre café?
Chegámos a São Petersburgo, vindas de Moscovo, num comboio de alta velocidade. Demorámos 4h a chegar - os russos dizem que as duas grandes cidades do país ficam “perto” uma da outra, o que só é sintomático da forma como as distâncias nos parecem quando visitamos o maior país do mundo. O comboio era super confortável e até serviram uma mini refeição, o que contribuiu para que o tempo passasse ainda mais depressa.
Quando chegámos a São Petersburgo já era bastante tarde e estávamos muito cansadas, por isso fomos directa ao quarto e decidimos acordar cedo no dia seguinte, para aproveitar a cidade. Depois de Moscovo - que é muito imponente - é normal que sintamos que São Petersburgo “não enche tanto o olho”.
Sempre tinha ouvido falar melhor desta cidade do que da capital, mas para mim ficaram claramente empatadas: onde Moscovo é gigante e magnificente, São Petersburgo é acolhedora e à medida do homem; onde Moscovo tem vida de grande metrópole, as pessoas de São Petersburgo recebem-nos de forma mais calorosa; e onde Moscovo vale pela história e arquitectura, São Petersburgo devolve com arte e cultura.
São duas cidades tão diferentes, que eu não consigo mesmo comparar. Valem ambas claramente a pena e, como tal, hoje deixo-vos as coisas que mais gostei de conhecer em São Petersburgo, bem como algumas dicas de como podem aproveitar melhor o tempo na cidade.
Museu Hermitage
É uma paragem mais do que obrigatória numa visita a São Petersburgo. Na realidade, nós preferimos abdicar de alguns museus em Moscovo para guardarmos dinheiro para o Hermitage - não que seja muito caro, na realidade são cerca de 10€ por pessoa (nós é que somos forretas). As obras que nos interessavam mais estavam no General Staff Building, mas mesmo assim vale a pena percorrer o Winter Palace e os edifícios adjacentes - não tanto pelas obras, mas pelo edifício em si. É lindo, lindo, lindo.
Duas coisas que precisam de saber para aproveitar melhor o tempo no Hermitage: primeiro, podem comprar bilhetes numa máquina automática, junto da entrada do museu, para não terem que estar na fila para as bilheteiras. Assim que comprarem os bilhetes podem entrar directamente, não precisam de ficar à espera. Depois, não se esqueçam que a colecção do museu está dividida em vários palácios, sendo que para conhecerem as obras de arte mais recentes têm que sair do edifício do Winter Palace e entrar no General Staff Building, que fica do outro lado da praça.
Isaac’s Cathedral
Esta catedral foi um dos poucos edifícios poupados durante os bombardeamentos alemães durante a II Guerra Mundial. Com a sua cúpula dourada, era um marco na cidade e Hitler ordenou que não fosse bombardeado para que as tropas conseguissem orientar-se lá de cima. E ainda bem que aconteceu assim, uma vez que é uma das catedrais mais bonitas de São Petersburgo.
Não a visitámos por dentro, mas há a possibilidade de subir ao topo e ver a cidade de cima - é tão plana que não há grandes miradouros, portanto este é um dos melhores locais para uma vista 360.
Tour de barco pelos canais
Tenho mixed feelings em recomendar-vos este passeio de barco pelos canais, uma vez que a nossa experiência não foi assim tãaaao positiva. A ideia é gira e teria corrido tudo melhor se a senhora que ia explicando coisas ao microfone falasse inglês. Nada faria prever que isto fosse acontecer, uma vez que as pessoas na bilheteira falavam inglês e os panfletos com as diferentes tours também estavam em inglês. O passeio é giro, mas sugiro que confirmem se há de facto tours em inglês antes de comprarem o bilhete.
Church of the Savior on Spilled Blood
Claro que este igreja pode correr o risco de ser comparada com a Saint Basil’s Cathedral, em Moscovo, porque de facto encontramos semelhanças nas cúpulas. Seja como for, é igualmente bonita e um marco incontornável da cidade.
Peterhof
Muitas vezes chamada “a Versailles russa”, este conjunto de palácios e jardins fica a cerca de 1h do centro de São Petersburgo e vale muito a pena conhecer. Peterhof foi mandado construir pelo czar Pedro, o Grande, e foi claramente projectado à sua imagem - ou seja, de forma grandiosa. Como tínhamos comboio para Petrozavodsk à tarde, optámos por comprar apenas o bilhete que dá acesso ao Lower Garden - que tem uma série de fontes lindíssimas - e acabámos por não ver o interior do palácio.
Podpisnyye Izdaniya & Edifício Singer
Não estranhem o nome, é só mesmo uma livraria - mas uma livraria lindíssima. Como já tinha a mala pesada dos livros que comprei em Moscovo acabei por não comprar nenhuns aqui. Seja como for, fiquei com vontade de ter um sítio exactamente igual em Lisboa. Pode ser?
O segundo nome, como podem calcular, também corresponde a uma livraria - esta fica no antigo edifício da Singer (que só de si é lindíssimo) e também é um paraíso para book lovers.
Tive pena de ainda não ser totalmente Primavera na cidade. Por culpa disso, os jardins e parques ainda estavam a ser recondicionados para a nova estação e a maioria deles estava fechada ao público. De resto, a impressão da cidade é muito positiva - pode não impressionar tanto quanto Moscovo, mas agora que olho para trás recebeu-me muito bem.
Na próxima semana vou falar-vos do último destino desta nossa viagem pela Rússia, mas até lá vamos falar sobre São Petersburgo? Quem já lá foi? Quem quer ir e precisa de mais sugestões ou de esclarecer dúvidas? Botem tudo aqui na caixa de comentários, vá!