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Rita da Nova

Sex | 22.03.19

Restaurantes // L'Origine

A minha relação com a comida do Chakall teve altos e baixos ao longo dos tempos: adorava ir ao Volver quando tinha assinatura dele, depois fiquei desiludida com o El Bulo, em Marvila e, com tempo, fui reconstruindo e ganhando confiança. O Refeitório do Sr. Abel, de que já vos falei aqui, foi responsável por me ter voltado a apaixonar pela comida dele.

 

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O L’Origine, o novo projecto do Chef em conjunto com Roberto Mezappelle, veio trazer-me ainda mais segurança e confiança. Tanto que até já esqueci a má experiência no El Bulo. Até porque o Chakall continua a trazer novos restaurantes e novos conceitos para a zona onde trabalho e, só por isso, já merece um abraço. Este novo restaurante fica no Parque das Nações e tem muitas semelhanças com o Refeitório do Sr. Abel, em Marvila.

 

Sinto que, apesar da forte influência que a Argentina tem no trabalho do Chef, é nos sabores italianos que ele consegue ser mais criativo. A escolha de nome para o restaurante deve ter sido muito natural, uma vez que tanto Chakall como Mezappelle têm origens em Itália. É um casamento feliz, na minha opinião - em muito formada pela qualidade das coisas que provei numa visita a este novo espaço.

 

A noite começou com um Limoncello Tónico, uma bebida diferente, muito refrescante e perigosa (era menina para beber vários e ir para a casa às curvas). Depois foi altura de passar pelos carpaccios, burratas e mozzarellas, não fosse este restaurante também um Mozzarella Bar. Experimentámos o Capaccio di Manzo (carne de boi), o Carpaccio di Bresaola (carne de vaca), uma Burrata com cogumelos Porcini, e uma Burrata com Pesto.

 

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No meio destas entradas ainda provei a Focaccia Tradicional e a Focaccia Trinacia, com molho de tomate, ambas deliciosas. Mas a Focaccia Especial ganhou a noite: trazia uma série de coisas que aparentemente não vão juntas, mas que combinaram deliciosamente - manga, burrata, trufa, pinhão, abacate, entre outros.

 

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Tal como acontece no Refeitório do Sr. Abel, também no L’Origine há mais do que um tipo de massa, embora todas elas sejam fermentadas de modo a garantir uma melhoria na digestão. Para além da massa tradicional, há a massa preta de carvão vegetal, a massa de beterraba com gengibre e a massa de 7 cereais. Tive que sair antes deste jantar terminar, mas deu tempo para comer uma fatia da Pizza El Diablo, em massa de beterraba e gengibre (com ‘nduja, molho de tomate, chili fresco, mozzarella, ricotta e tomate cherry) e uma Pizza Frutti di Mare, em massa tradicional (com molho de tomate, mozzarella, marisco e alho). Estavam as duas muito boas, mas a minha favorita foi mesmo a primeira.

 

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Fiquei cheia de vontade de regressar para compensar ter saído tão cedo. Ficou muita coisa por experimentar e eu vi na carta que há uma Pizza com Doce de Leite Argentino e eu não posso perder! Sabiam que o Chakall e Roberto Mezappelle tinham um novo restaurante? Ficaram com vontade de conhecer?

 

L'Origine Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

Qui | 21.03.19

Uma Dúzia de Livros // Abril: um livro de um autor que nunca leste

Quantas vezes não damos por nós sempre agarrados aos autores de sempre? Temos a nossa lista de escritores do coração e acabamos por ficar no mesmo registo. Acontece-me muito: é comum ficar sempre pelo Afonso Cruz, pelo Murakami ou, mais ultimamente, pela Chimamanda Ngozi Adichie.

 

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É por isso que o tema d'Uma Dúzia de Livros de Abril pede, precisamente, que contrariemos esta tendência e experimentemos um autor pela primeira vez. Já sabem que não há grandes regras, desde que nunca tenham lido nada do escritor ou da escritora antes. Escolham o tipo de clássico que vos apetecer - seja algo que gostam de ler ou, pelo contrário, um livro que esteja fora da vossa zona de conforto.

 

Eu vou aproveitar para ler o Middlesex, do Jeffrey Eugenides. Veio numa das minhas encomendas do Book Depository e já me falaram muito bem dele. Qual vai ser a vossa escolha? Quem é subscritor da newsletter vai receber algumas sugestões de leitura!

Qua | 20.03.19

Palavras Cruzadas // As minhas irritações

O problema de escrever um post só sobre coisas que me irritam é que, se me deixassem, eu não saía daqui. Não abona muito a meu favor admitir isto, mas eu irrito-me com bastante frequência, apesar de nem sempre o demonstrar. Há situações ou pessoas que me criam um pequeno fogo interior, que começa pequenino e vai aumentando se não conseguir sair da situação ou da frente da pessoa. Costumo dizer que “me foi subindo o fogo os infernos” e isso, geralmente, é sinal de que me fui irritando mais e mais.

 

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As minhas irritações nem sempre são racionais - aliás, são completamente injustificáveis na maioria das vezes. Acho que de certa forma também constroem aquilo que sou e, por isso, hoje trago-vos uma lista (em permanente actualização) das coisas que me irritam:

 

> Pessoas a assobiar, independentemente da melodia que fazem ou do jeito que têm;

> Quando me chamam “minha querida”, “filha” e semelhantes. Por favor, não;

> Erros ortográficos, vírgulas em sítios errados e semelhantes. Sobretudo em blogs ou documentos públicos;

> Pessoas que andam lentamente na rua;

> Bebés a chorar ou crianças a fazer birras. Não tanto pela aparente falta de educação, é mesmo o barulho;

> Eventos com muita gente;

> Que deixem gorjetas em restaurantes, principalmente os caros;

> Quando não há o prato que quero num restaurante ou o restaurante onde quero ir comer não tem mesa;

> Plágio, roubo de ideias e cópias de coisas que faço no blog ou redes sociais. São cada vez mais, infelizmente;

> Que me marquem em giveaways ou imagens onde eu não apareço ou de locais onde não estive;

> Pessoas que conduzem mal;

> Quando está muito calor;

> Personagens estilo Ross do Friends.

 

Acabei de perceber que, no fundo, sou uma criança grande. Se calhar vou ali chorar um bocadinho (mais baixinho, para não me irritar a mim mesma). Enquanto isso, chutem daí as vossas listas de irritações!

 

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Este é o 33º post da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com o P.A., mas vocês também estão mais do que à vontade para pegar nos temas e escrever sobre eles. Bem sei que parece que o tema desta semana foi ideia minha, mas não. Como foi obra do P.A., sou eu quem decide o tema do próximo. Que tal falarmos sobre o pior tipo de pessoas do mundo?

Ter | 19.03.19

Argentina // Ushuaia

Ushuaia é a capital da província da Tierra del Fuego, na Argentina, e é considerada a cidade do fim do mundo pela sua localização. De facto, é mesmo a última cidade que existe antes de chegarmos à Antártida. Também há uma vila do fim do mundo, do lado chileno da Patagónia, que até está situada mais a sul do que Ushuaia.

 

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Seja como for, os argentinos não mentem: Ushuaia é mesmo a cidade do fim do mundo e isso é quase um símbolo de orgulho. Tudo neste sítio é “do fim do mundo”: há o café do fim do mundo, a barbearia do fim do mundo, o banco do fim do mundo, a clínica dentária do fim do mundo. Enfim, vocês percebem a ideia. Ushuaia lembra-nos constantemente que estamos no fim do mundo, não apenas pelo nome dos estabelecimentos, mas pelo ambiente da cidade. Não consigo elaborar melhor, é uma sensação complicada de descrever.

 

Foi o nosso último destino da viagem à Argentina, onde ficámos cinco dias. Se tivesse planeado com mais cabeça talvez tivesse reservado menos dias, mas encontrámos sempre coisas diferentes para fazer. E como ficámos num apartamento com tudo o que precisávamos para viver, acabámos por fazer mais “vida de casa” e aproveitámos para descansar. Hoje deixo-vos com os três planos que considero essenciais numa ida a Ushuaia:

 

 

Parque Nacional Tierra del Fuego

É uma das principais atracções da zona e com muita legitimidade. Apanhámos um transfer perto do porto de Ushuaia e em cerca de meia hora chegámos ao parque, onde nos aconselharam a fazer a Senda Costera. É um percurso de trekking de quase 10km, que acompanha o Canal Beagle até chegar à Baía Lapataia. Antes disso, não podíamos deixar de visitar os Correios do Fim do Mundo e enviar alguns postais a amigos e família. Apanhámos um sol incrível neste primeiro dia no parque, pelo que decidimos também fazer alguns percursos mais pequenos depois do primeiro, junto ao lago.

 

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Como dão desconto na entrada no Parque Nacional se formos dois dias seguidos, voltámos no dia seguinte para fazer mais uns percursos e ver o Tren del Fin del Mundo, originalmente criado para transportar madeira e prisioneiros para a Prisão de Ushuaia. Só que não tivemos tanta sorte neste dia e, mal começámos o primeiro caminho apanhámos uma chuvada brutal. Ficámos tão encharcados que decidimos regressar à cidade, tomar um banho e ficar a ver a chuva no quentinho de casa.

 

 

Laguna Esmeralda

Depois da molha do dia anterior, fizemos figas para que a nossa ida à Laguna Esmeralda não fosse tão atribulada. Embora o céu não estivesse descoberto, tivemos as condições necessárias para fazer este trekking sem problemas. Mesmo depois de ter feito percursos com lagos lindíssimos em El Chaltén, esta lagoa conseguiu surpreender-me pela cor da água. Não é um percurso complicado, nem foi o mais longo que fizemos nas férias, mas havia muita lama devido à chuva do dia anterior (posso ou não ter enfiado uma perna na lama até ao joelho, mas isso agora não interessa para o caso).

 

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Os pinguins na Isla Martillo

Deixámos esta tour para o último dia e ainda bem! Foi uma das experiências mais incríveis que tive na vida, acreditam? A proximidade à Antártida faz com que esta zona seja habitada por pinguins e leões marinhos, pelo que há diversas formas de os observar. A mais comum é apanhar um barco que navega ao longo do Canal Beagle e se aproxima das ilhas onde estes animais costumam estar, mas nós fizemos outra coisa. Com sorte ainda apanhámos lugares no passeio organizado pela Piratour, que nos leva de autocarro até à Estância Harberton e, daí, de barco até à Isla Martillo, onde há duas espécies de pinguins: os de Magalhães e os Papua. A parte boa é que podemos sair do barco e andar no meio destes bichos maravilhosos.

 

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O mais engraçado foi que passaram o caminho todo a explicar-nos que não podíamos estar a menos de 3 metros dos pinguins e que devíamos ter muito cuidado ao aproximar-nos deles, mas uma vez na ilha foram os próprios pinguins que tomaram a iniciativa de vir para perto de nós. Adorei, acho que toda a gente devia ter uma oportunidade destas uma vez na vida!

 

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Os posts sobre a Argentina estão quase a terminar, falta só falar-vos da comida de lá - que é incrível! Por enquanto, digam-me: ficaram com vontade de ir até ao fim do mundo para conhecer Ushuaia? Quero saber tudo!