Por causa do trabalho, acompanho de perto uma newsletter chamada “Salmon Theory”, escrita por um planner estratégico português a viver no Reino Unido. A premissa é simples: aproximar o trabalho de estratégia (digital, de comunicação, de marca, etc) à filosofia - enquanto forma de pensar e estar no mundo. Porque é que vos conto isto tudo? Porque, para 2019, a ideia dele é explorar temas que são binários, mas não deviam sê-lo.
E foi isso que me inspirou a trazer essa discussão para aqui, sem saber muito bem que tema queria abordar. Mas depois lembrei-me do principal, aquele que me fez ter muitas dificuldades em ser jornalista: verdade vs. mentira.
Crescemos a acreditar que tem que haver uma verdade única e, às vezes, universal sobre os temas. É-nos muito complicado pensar que várias coisas contraditórias podem ser verdade ao mesmo tempo, que entre o preto e o branco há muito mais do que 50 sombras de cinzento. Não há uma só verdade e eu tenho muitas dificuldades em definir exactamente esse conceito. As religiões são a prova mais antiga de que cada pessoa, cada cultura, pode ter verdades completamente diferentes.
Enquanto pensava em tudo isto, lembrei-me de uma das minhas TED talks favoritas: The Danger of a Single Story, da Chimamanda Ngozi Adichie - de quem já é comum falar aqui pelo blog. E acho que ela explica muito melhor que eu as consequências de encararmos o mundo como binário, no que toca ao que é verdade e ao que é mentira:
Se tivessem que escolher uma coisa que é binária, mas não deveria ser, qual escolheriam?
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Este é o 30º post da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com o P.A., mas vocês também estão mais do que à vontade para pegar nos temas e escrever sobre eles. Como disse, o tema desta semana foi ideia minha. Isto significa que para a próxima estou completamente nas mãos dele. P.A., lemo-nos quando voltar de férias?
Este fim-de-semana aconteceu o primeiro encontro presencial d’Uma Dúzia de Livros e eu ainda estou sem saber bem o que dizer. Bom, a primeira coisa que importa é agradecer: tanto às pessoas que tiraram o seu domingo à tarde para estar comigo a falar de livros, como ao espaço que nos acolheu - a Sala.
Quando tive a ideia de criar este desafio e clube de leitura, quis sempre que tivesse um momento de encontro físico, para que pudéssemos estar uma tarde a falar de livros, com chá e café à mistura. Foi isso mesmo que aconteceu ontem - e, apesar de sermos 13 à mesa, sinto-me mesmo muito sortuda. Falámos sobre livros escritos por mulheres, o tema de Janeiro, e foi muito engraçado ver como quase todas fomos parar a temas estruturantes como o racismo e o feminismo.
O espaço d’a Sala é tão acolhedor, que passámos duas belas horas à conversa, com direito a muitas sugestões sobre livros e promessas de voltar àquele sítio, não só para mais um encontro, como para uma noite de jogos (organizadas nas primeiras quintas-feiras de cada mês).
Como tive oportunidade de dizer às meninas que estiveram presentes, não estava mesmo nada à espera de ter tanta gente presente e sinto-me mesmo muito sortuda por poder organizar momentos destes. E há muito espaço n’a Sala, por isso podem vir ainda mais em Fevereiro!
Se não fazem ideia do que estou a falar, mas gostavam de participar, aqui ficam alguns posts para se inteirarem:
Este post começa com uma confissão: eu expresso pouco a admiração que sinto pelas pessoas. Não é por mal, mas torna-se um bocadinho estranho neste mundo de blogs e projectos digitais, sobretudo no relacionamento com as pessoas que estão por detrás deles. Isso não significa que eu não siga o que fazem e que não valorize, mas é muito comum ver algo de que gosto, pensar sobre isso, mas não reagir com likes ou comentários.
Também é raro estar lá para apoiar, em eventos, palestras e workshops. Mais uma vez, não é por mal. Com tanta coisa a acontecer nos meus dias, estes momentos são das primeiras coisas que deixo cair. Mas estou a acompanhar à distância e a valorizar tudo o que essas pessoas fazem.
Decidi que, este ano, ia tentar contrariar esta minha tendência. Eu gosto do que vejo ou leio, reconheço valor e admiro a pessoa, mas se não der esse feedback, ela dificilmente vai saber. Eu apoio muito internamente, mas será essa a verdadeira essência do apoio se o outro não souber de nada? Decidi por-me mais nos pés dessas pessoas e mostrar mais que estou do lado delas.
Passado este disclaimer - que se queria curto, mas já deu espaço para divagações - comecei já esta semana a pôr esta decisão em prática. Ontem, das 19h às 21h, estive na Red Apple para a sessão inaugural do #SheWorks, organizada pela Catarina Alves de Sousa do Joan of July. Inicialmente pensado para ser um podcast, é agora um ciclo de conversas sobre a vida profissional das mulheres.
Decidi ir não apenas por me identificar com a iniciativa, mas também porque a primeira conversa contou com a presença da Vânia Duarte a falar sobre um tema que me diz muito - trabalho por conta de outrem: como conjugá-lo com hobbies criativos e o mito do empreendedorismo como única via da realização profissional.
Falou-se de muita coisa e partilharam-se muitas histórias, mas o principal a reter é: nem sempre um negócio próprio é a única forma de sermos felizes profissionalmente. Às vezes, essa realização vem mesmo da conjugação entre um trabalho das 9h às 18h e uma série de hobbies que nos apaixonam e podem ser uma forma de ter um rendimento extra. Foi esse o equilíbrio que encontrei para mim e foi bom estar numa sala a discutir exactamente este tema.
Vou certamente acompanhar este ciclo de conversas interessantes e, se quiserem fazê-lo também, vão acompanhando o projecto no Instagram. As entradas são gratuitas, mas como o espaço é limitado a 30 lugares, é preciso enviar um e-mail para reservar o vosso.
E agora vamos lá ver: como se sentem felizes profissionalmente? Qual acham que é a melhor via: trabalhar por conta própria ou por conta de outros? Partilhem a vossa perspectiva na caixa de comentários!
Anna Karenina, de Tolstói, foi um dos livros que marcou a minha vida. Não tanto pela história, mas sobretudo pela forma como começa: “All happy families are alike; each unhappy family is unhappy in its own way”. Esta simples frase mostrou-me que a minha família meio esquizofrénica e, por vezes, infeliz, talvez tivesse uma história única e digna de ser contada. E é por este motivo que o tema d'Uma Dúzia de Livros de Fevereiro é um livro sobre famílias.
Podem escolher qualquer tipo de livro - seja algo que gostam de ler ou, pelo contrário, um livro que esteja fora da vossa zona de conforto. A escolha é totalmente vossa! Durante o dia de hoje enviarei também uma newsletter a relembrar o tema, bem como algumas sugestões de leituras dentro deste tema.
Que ideias de livros pairam por aí? Eu já escolhi o meu: Little Fires Everywhere, da Celeste Ng. Se quiserem ainda participar nesta iniciativa, apressem-se a enviar-me os vossos e-mails!