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Rita da Nova

Qui | 29.11.18

Restaurantes // Mercantina Bistro 37

E se eu vos dissesse que, amanhã, abre um novo restaurante num dos espaços com mais história da cidade de Lisboa? Ganhava a vossa atenção? Perfeito, preparem-se porque vai valer a pena. Nos anos 40, o número 37 da Avenida da República era palco de encontros culturais entre os mais importantes artistas plásticos do Surrealismo português. Nomes como Mário Cesariny e Alexandre O’Neill frequentavam este café, então chamado Cubana, onde organizavam tertúlias e conversas.

 

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Agora este espaço acolhe um novo conceito: o Mercantina Bistro 37. Depois de Alvalade e do Chiado, este é o terceiro restaurante Mercantina em Lisboa, mas tem uma promessa ligeiramente diferente. Para além de uma decoração inspirada na história da antiga Cubana, cheia de elementos e pormenores surrealistas, a comida que ali se serve também foi repensada. É claro que continuarão a existir as famosas pizzas a que a Mercantina já nos habituou, afinal o grande forno que vemos mal entramos serve exactamente para isso.

 

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Mas o Mercantina Bistro 37 quer ser mais do que um restaurante italiano e trazer o melhor da comida mediterrânica como um todo. Tive a sorte de poder experimentar alguns destes pratos antes da abertura oficial do restaurante e, para vos dar alguns exemplos do que podem encontrar aqui, vou levar-vos pelo menu deste almoço. Para começar não poderiam faltar as focaccias e nós partilhámos duas: a Focaccio com pêra e gorgonzola e a Focaccia de sésamo com azeite e mortadela trufada, ambas muito boas.

 

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Ainda numa lógica de entradas ou de uma refeição mais leve, veio para a mesa um Tártaro de atum e abacate com lima, coentros e maionese de wasabi (muito fresco e aromático), um Arancini de salsicha italiana em vinho tinto com compota de tomate e um Croquete basco de presunto com creme de milho fumado. Embora sejam todos pratos típicos dos países do sul da Europa, a verdade é que todos têm um twist interessante.

 

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Antes de terminar a refeição, vieram para a mesa dois pratos divinais, que comprovam esta ideia de comida mediterrânica sem deixar de haver uma influência italiana forte. O Ravioli de vitela com molho trufado, creme de topinambur e crocante de salsifi foi o meu prato favorito da refeição, mas o Espadarte à Siciliana com gnocchi de laranja e azeitonas pretas foi o que mais me surpreendeu. Diria que são ambos imperdíveis numa visita ao Mercantina Bistro 37.

 

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Tive que abandonar este almoço mais cedo do que era suposto, por isso não pude provar o Entrecôte dos Açores 200gr, o Rabo de boi estufado à antiga com risotto de pera e lima e algumas sobremesas. Já desafiei o Guilherme a voltarmos para nos vingarmos!

 

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Eu sei que, quando olhamos para o espaço e para o aspecto da comida parece que vamos ter que hipotecar a casa para conseguir fazer uma refeição, mas a melhor parte é que este não é um restaurante inacessível. Os preços são bastante justos, sobretudo tendo em conta a localização. Não se deixem intimidar, entrem e experimentem estes e outros pratos deliciosos!

 

Mercantina Bistro 37 Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

Qua | 28.11.18

Segundo Muelle // Novos pratos para os meses frios

Lembram-se de vos ter falado do Segundo Muelle, no Cais do Sodré? Parece que este restaurante peruano faz parte de uma lista interessante de espaços que estão sempre irrequietos e à procura de trazer coisas novas para a mesa. Esta semana, ao almoço, dei lá um saltinho para conhecer as novas iguarias e, confesso, fiquei com uma impressão ainda melhor deste peruano.

 

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Mas vamos por partes: as coisas boas são para se manter e o couvert com Chifles (chips de banana-pão frita), Molho de Aji AmarilloCancha (milho peruano frito) e Pão Zapallo Loche (feito com abóbora peruana e quinoa) é uma das coisas de que mais gosto no Segundo Muelle. Não fazia sentido não ir petiscando aqui e ali, enquanto esperávamos pela Chica Morada, uma bebida muito típica do Peru feita com milho roxo. O milho e a batata são parte integrante da gastronomia peruana e há dezenas de variedades de cada um destes alimentos para consumir por lá, ao ponto de se fazerem coisas tão diferentes como bebidas.

 

Já da outra vez tinha experimentado o Piqueo Influencias, que agora está ligeiramente alterado. Traz Causa de Camarones, Tartar de Salmón e Tiradito Al Ají Amarillo. Estes pratos são uma excelente forma de provar um bocadinho de várias coisas típicas sem ficarmos sem espaço para mais. Por falar nisso, este almoço foi rico em diferentes pratos e tive que me controlar para não comer logo tudo de uma vez. Juntamente com o piqueo chegou uma Ensalada de Atún Oriental, muito leve e fresca, e uma Causa Crocante con Camarones, um dos melhores pratos desta refeição. É uma típica causa peruana, feita com puré de batata e recheio de abacate e queijo creme, mas deve servir-se quente e ligeiramente panada. A acompanhar trazia camarões num molho oriental maravilhoso.

 

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Dos oito novos pratos da carta, nós provámos mais três: o Quinoto de Champinones (vegetariano), o Risotto de Aspargos y Pescado en Salsa de Alcaparras e o Linguini al Pesto con Atún a la Pimenta. Aqui, felizmente, não consigo dizer qual o melhor. São todos opções muito compostas, a típica comida de conforto que sabe tão bem nesta altura do ano.

 

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Aliás, são o resumo perfeito daquilo que são os novos pratos do Segundo Muelle: não apenas comida reconfortante para os meses que aí vêm, mas uma forma deliciosa de mostrar a riqueza e variedade da gastronomia peruana. Eu cá já prometi que vou voltar brevemente, desta vez com o Guilherme que está farto de se queixar que eu nunca o levei lá. E vocês, também arriscam numa ida a este restaurante?

Ter | 27.11.18

Brunch // O Asiático

Não escondo que o Chef Kiko é um dos meus favoritos de sempre. Todos os seus restaurantes têm algo diferente, mas encontramos um fio condutor interessante entre todos eles. É dos poucos, para mim, que consegue inovar e manter-se fiel a si mesmo - e isso, nos dias de hoje, é muito raro. Todas as novidades dele são pensadas ao detalhe e, por isso, não me surpreende que o brunch tenha demorado tanto tempo a chegar aos seus restaurantes.

 

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Porque quando chegou, chegou em grande. O Asiático - onde eu já tinha ido uma vez - foi o primeiro a receber este conceito de juntar o pequeno-almoço e o almoço numa só refeição. Pareceu-me a desculpa perfeita para regressar e conhecer o espaço com a luz do dia, já que da outra vez tinha ido ao jantar. O restaurante não perde o lado intimista apesar da luz que entra através das enormes janelas (apesar de chover a potes no dia em que fomos) e pude demorar-me mais nos pormenores.

 

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Para os fins-de-semana, O Asiático traz então três menus de brunch: o Brunch Tataki, o Brunch Ramen e o Brunch Bao - cada um deles com diferentes iguarias asiáticas, claro. Nós decidimos dividir o primeiro (com pratos mais doces) e o último (mais completo). Qualquer um dos menus começa da mesma forma: com uma Selecção de Pães composta por bao, flat bread, croissant, manteiga de alga nori, manteiga de kimchi e compota de ameixa. A partir daí, são só diferenças.

 

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Brunch Tataki (18,90€)

Como disse é mais doce e, pareceu-me, mais leve. Depois de nos entretermos com os diversos pães, somos presenteados com um Iogurte e Lichias (iogurte natural, lichias e caju) e com uma Panqueca de Chá Verde e Galanga, que estava deliciosa. Por fim, chega-nos um dos pratos mais bonitos que já vi: o Tataki de Espadarte Rosa, com beterraba e gengibre. E basta a primeira dentada para percebermos que o sabor é tão impactante quanto o aspecto. Tudo isto acompanha com um Sumo de Maracujá e Côco.

 

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Brunch Bao (23,70€)

Este menu tem mais um prato e é, todo ele, mais composto e reconfortante. O único elemento doce é uma Tapioca Cremosa e Maracujá que é maravilhosa! De resto, é um menu predominantemente salgado, trazendo um Ovo BT (feito a baixa temperatura, com camarão, cogumelos shitake e kimchi), umas Guiozas de Lavagante (com porco preto e sake) e um Bao Surf&Turf, recheado com barriga de porco, camarão e wasabi). O bao foi o meu prato favorito deste menu e uma forma maravilhosa de terminar a refeição. Importa também dizer que um Sumo de Cereja e Yuzu vai regando toda a refeição.

 

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Se todos os menus começam da mesma forma, faz sentido que também terminem numa nota semelhante. Neste caso, podemos pedir para acabar a refeição com chá, cappuccino ou café vietnamita. Pedi este último porque nunca tinha experimentado tal coisa e fiquei agradavelmente surpreendida. É um café frio, servido com gelo e doce de leite.

 

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No seu todo, esta experiência foi tudo o que um brunch deve ser: reconfortante, memorável e feito tarde e a más horas (sorry not sorry). Pode não ser a opção de brunch mais acessível da cidade, mas se quiserem algo realmente diferenciador, então é rumar à Rua da Rosa!

 

O Asiático Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

Seg | 26.11.18

Restaurantes // Geographia

Comida que fala português. É esta a proposta do Geographia, que abriu recentemente. Eu arrisco em dizer, depois de um jantar incrível, que não é só a comida que fala português por ali. Vamos lá ver: há muitos espaços novos por Lisboa, cada um com um conceito mais diferenciador do que o anterior, mas raros são aqueles que conseguem o que este conseguiu fazer comigo - transportar-me directamente para uma época que eu não vivi, não só através da comida, como de tudo o resto.

 

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É impossível entrar neste espaço e não sentir que, subitamente, estamos nos anos 50/60, auge da época colonial. E embora tenha havido muita coisa má nesta fase da história de Portugal (e do mundo), a verdade é que a gastronomia teve muito a ganhar. É curioso ver como o nosso país influenciou a forma de comer de muitos outros, mas também é fantástico perceber aquilo que estes outros países trouxeram à nossa comida. Se nos dias de hoje nos habituámos a comer comidas de outros locais, visitar o Geographia é perceber que essas trocas e influências fazem parte da nossa história há muito, muito tempo.

 

A decoração do restaurante foi a primeira coisa que me ganhou: está pensada ao pormenor e, mesmo assim, feita de uma forma interessante. Vamos descobrindo, aos poucos, os detalhes que a compõem. Nem tudo é explícito e isso é óptimo. O rinoceronte que aparece várias vezes ao longo da refeição é um símbolo do cruzamento de culturas dos países de expressão portuguesa. Chamava-se Ulisses e não teve o fim de história mais feliz do mundo, mas não vou estragar a experiência de uma ida ao Geographia contando-vos já tudo.

 

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Quero mostrar-vos, isso sim, aquilo que comemos nesta noite. Mesmo não tendo combinado, tentámos ao máximo evitar escolher pratos apenas portugueses. Fomos com vontade de experimentar coisas diferentes e não nos arrependemos. Para começar, enquanto decidíamos os países a conhecer, fomo-nos entretendo com o Couvert, que traz pão, manteiga, mandioca frita e um queijinho amanteigado alentejano.

 

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Depois de algum tempo, lá acertámos: nas entradas fomos pelo Dim Sum de minchi com molho de soja e mel, a representar Macau, e pelo Tártaro de lombo de atum com abacaxi, uma mistura de influências portuguesas e brasileiras.

 

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Sem combinar, os nossos pratos principais foram ambos caril. O Guilherme deixou-se levar pelas influências e sabores de Goa com um Caril de camarão à goesa com arroz de côco. Já eu, desci ao hemisfério sul e, numa pequena incursão por Moçambique, decidi-me pela Galinha do campo ao caril de amendoim - que estava, já agora, divinal.

 

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Amava ter viajado um bocadinho mais nas sobremesas do Geographia, mas as doses são tão bem servidas que nenhum de nós conseguiu. Oportunidades e desculpas não faltam para regressar a este restaurante: da Feijoada de sábado aos menus de almoço que mudam constantemente, passando por outras novidades que aí vêm, parece-me que vamos voltar mais depressa do que achamos.

 

E vocês, ficaram com vontade de experimentar a comida deste espaço e, já agora, descobrir a história do rinoceronte Ulisses? Quero saber tudo nos comentários!

 

Geographia Menu, Reviews, Photos, Location and Info - Zomato

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