S Restaurante: o sabor, a simplicidade e a saudade da comida portuguesa
A minha primeira e única experiência no Restaurante S, ali bem pertinho do Largo do Rato, tinha sido há coisa de um ano, num jantar de grupo. E ao contrário do que acontece no normal destes jantares, a verdade é que fiquei muito bem impressionada e passei a recomendá-lo sempre que o tema era “um jantar para muitas pessoas”. Nunca mais lá tinha ido até esta quarta-feira, dia em que fui conhecer a nova carta de Outono.
Fiquei a saber que a gerência tinha mudado, que já não se fazem os mesmos jantares de grupo que eu tanto recomendei, mas percebi rapidamente que foi uma mudança positiva. Agora, a cozinha é dirigida pela Chef Ilda Vinagre, galardoada com duas estrelas Michelin (numa altura em que pouca gente sabia o que isso era). Basta conhecermos um pouco da incrível história desta senhora - que serviu pessoas tão marcantes quanto o Ronald Reagan e a Amália Rodrigues -, para percebermos rapidamente porque é que este S significa “sabor”, “simplicidade” e “saudade”.
Comecemos pelo óbvio, o sabor. Numa altura em que podemos comer comida de todo o mundo sem sair de Lisboa, continua a existir qualquer coisa de único e inimitável nos sabores da gastronomia tradicional portuguesa. É isso que a Chef tenta colocar em todos os pratos e que consegue fazer com mestria (já vamos à comida, aguentem só um bocadinho). A simplicidade está em tudo o que pude degustar no S: desde a apresentação aos ingredientes, é uma simplicidade genuína e muito rica. A saudade dá o toque final, uma saudade muito própria dos portugueses e muito vivida pela própria Chef, que passou anos a cozinhar no estrangeiro.