Santorini Coffee: um restaurante só para nós
Quando entramos no Santorini Coffee, tudo nos parece demasiado cliché e parece adivinhar que, talvez, este restaurante não seja assim tão grego quanto aparenta. Tudo à nossa volta é azul e branco, e recebem-nos com um “boa noite, jovens” dito em português perfeito. Mas, como diz o meu pai, “as iludências aparudem” e este pequeno restaurante perto do Técnico consegue surpreender.
O primeiro ponto positivo deste jantar no Santorini Coffee foi o facto de termos tido o restaurante só para nós durante toda a refeição. Se o senhor que nos recebeu já tinha sido simpático ao telefone, quando ligámos a marcar, ao longo do jantar essa simpatia foi crescendo. Há muito, muito tempo que não era tão bem recebida nem atendida: o senhor teve o cuidado de explicar tudo, desde o nome correcto dos pratos em grego (apesar de continuarem a ser impronunciáveis para mim), a maneira como se comem e a origem dos ingredientes. Incrível como se nota nos gestos mais pequenos quando as pessoas são apaixonadas por aquilo que fazem.
O couvert traz um pão pita com um textura ligeiramente diferente à que estou habituada - e, muito provavelmente, muito mais perto da pita autêntica - e dá-nos uma pequena ideia do sabor do Hummus grego, do Tzatziki e da Melitzanosalata (uma pasta de beringela fumada muito interessante). Entreteve-nos a fome e pôs-nos na disposição certa para aproveitarmos os pratos principais.
Mesmo tendo carne, não podia fugir à tradicional Moussaka - que, para quem nunca ouviu falar, é quase uma lasanha em que os legumes substituem a massa. Estava deliciosa e o travo a canela encheu-me as medidas. O Guilherme optou pelas Soutzoukakia Smyrneika, isto é, almôndegas de Esmirna com arroz de legumes. Segundo ele não estava a melhor coisa do mundo, mas comia-se bem.
O melhor de tudo chegou no fim. Ia eu toda lampeira para me atirar a uma Baklava quando o senhor fez uma sugestão melhor. Galaktoboureko, assim se chama uma das minhas novas sobremesas favoritas, que leva massa filo recheada com doce de leite, coberta de canela e calda de açúcar. Meu Deus (ou deverei dizer “meus Deuses?”), não imaginam a delícia que isto é. Pedimos também Iogurte Grego - “daqueles gregos mesmo a sério, não se supermercado”, conforme frisou aquele simpático senhor. Trazia mel e um enorme figo grego e contrabalançou bem a doçura excessiva da outra sobremesa.
Se o Santorini Coffee tem a melhor comida de Lisboa? Certamente que não. Mas tem as pessoas das pessoas mais simpáticas que já conheci por detrás do negócio e isso, para mim, faz toda a diferença num restaurante. Para além disso, aumentou-me a curiosidade relativamente a uma possível viagem à Grécia e isso só pode ser bom sinal.
Já experimentaram comida grega? Em Portugal ou fora? Partilhem as vossas experiências gastronómicas comigo, ali em baixo, na caixa de comentários.