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Rita da Nova

Qui | 26.10.17

Tudo aquilo que não sou

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Saiu, no outro dia, a entrevista que dei ao site Viver Mais e Melhor. Depois de ver o resultado final (podem lê-lo também aqui), fiquei a pensar sobre tudo aquilo que não sou. Desde cedo que aprendi a definir-me também pela negativa: não apenas através daquilo de que gosto, mas daquilo que não gosto; não apenas do que quero, mas sobretudo do que não quero.

 

Acredito que não há mal nenhum em não sabemos bem o que queremos. Quando assim é, as possibilidades são infinitas e estão sempre abertas à nossa frente, como estradas à espera de serem desenhadas. O caso muda de figura quando não definimos bem aquilo que não queremos, porque - pelo menos para mim - isso é parte essencial da minha identidade.

 

Sobretudo neste mundo dos blogs, percebi que não sou tudo aquilo que é suposto resultar ou que é vendável. Nunca quis influenciar pessoas, nunca quis ser conhecida e até o simples facto de ir a eventos é contra a minha personalidade. Ligo zero a maquilhagens, roupas e acessórios. Não sei distinguir a Moda Lisboa do Portugal Fashion e, se alguma vez me virem num desses sítios, é porque me esqueci dos óculos e não sei onde estou. Tenho pouca paciência para fretes e para egos e, na maioria das vezes, não consigo disfarçar o desconforto.

 

Mas também sei que sou isto: sou as palavras que escrevo e as histórias que gosto de partilhar. Sou uma vontade genuína de conversar convosco, de ler e responder aos vossos comentários, de trocar ideias e sugestões. E enquanto assim for, quero lá saber do resto.

 

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(via Pinterest)

Qua | 25.10.17

Os livros da Rita // Status das leituras de 2017

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Em Abril, por ocasião do Dia Mundial do Livro, inaugurei esta rubrica d’Os Livros da Rita aqui pelo blog que - confesso - é uma das minhas favoritas. Neste post, que podem ler aqui, falei-vos de como estavam as minhas leituras deste ano. Tinha lido apenas cinco livros; contudo agora, em Outubro, sinto que é altura de fazer um novo ponto de situação relativamente ao que tenho lido.

 

Bem sei que vos tenho falado de cada um destes livros individualmente, em forma de review, mas ainda assim acho bom apresentar-vos uma lista com todos.

 

Cândido ou o Optimismo, Voltaire

Confesso que tenho pouca paciência para este tipo de contos mais filosóficos, em que a narrativa existe para dar força e expressão a diferentes correntes da filosofia e não tanto para contar uma história. Ainda assim, aproveitei uma viagem de comboio até ao Porto e despachei-o em menos de três horas (é mesmo muito pequenino). Foi mais uma das ofertas da VISÃO, no âmbito da iniciativa Ler Faz Bem. Tenho o resto da colecção lá por casa, mais ainda não peguei em mais nenhum.

 

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A História Secreta, Donna Tartt

Comecei a ler este livro na mesma viagem, desta vez no regresso a Lisboa, mas levei imenso tempo a terminá-lo. Para além de ser grande, a escrita é muito densa e a história tem uma trama psicológica complexa. Embora seja uma verdadeira empreitada, vale mesmo muito a pena. Podem ler um bocadinho mais sobre este livro aqui.

 

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Tetralogia A Amiga Genial, Elena Ferrante

O que dizer mais destes quatro maravilhosos livros? Foram, até agora, a grande surpresa de 2017 em termos de leituras e tem sido a recomendação que faço a toda a gente que quer ler alguma coisa, mas não sabe bem o quê. Acompanharam-me durante todo o Verão. Falei sobre os dois primeiros volumes aqui e sobre o terceiro e quarto livros aqui. Acho que, se lerem as reviews, vão perceber porque é que gostei tanto.

 

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The Bees, Laline Paull

Que livro tão adorável, apesar da história em si ser muito pouco feliz. Imaginem um livro que fala de uma sociedade totalitária e muito rígida, em que dificilmente alguém consegue evoluir para fora da casta em que nasceu. Agora imaginem que essa sociedade existe dentro de uma colmeia de abelhas - é essa a narrativa do The Bees. Gostei tanto do livro de estreia desta autora (podem ver a review aqui), que comprei imediatamente o seu segundo livro.

 

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A Rapariga no Comboio, Paula Hawkins

A melhor maneira de descrever este livro é com a expressão meh. Atenção, não estou a querer dizer que foi uma perda de tempo (até porque possivelmente tê-lo-ia deixado a meio se assim fosse), mas não aqueceu nem arrefeceu. Foi bom para descansar a cabeça de leituras mais pesadas e podem perceber porquê aqui.

 

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Herland, Perkins Gilman

Foi o último livro que terminei e posso dizer que só não o li mais depressa por falta de tempo e por andar bastante cansada ultimamente. [Pausa para desabafo: sou só eu que me tenho sentido completamente esgotada ao final do dia, embora não ande a fazer nada de diferente?]. É uma utopia e conta a história da existência, algures na Amazónia, de um país composto apenas por mulheres. O que é que acontece quando um grupo de três homens descobre esta sociedade? Deixei-vos algumas pistas aqui.

 

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E vocês, como andam de leituras? Que livro está agora na vossa mesinha-de-cabeceira? Eu comecei há poucos dias o High Fidelity, que deu depois origem a um filme. Façam também vocês um status das vossas leituras deste ano aqui na caixa de comentários!

Seg | 23.10.17

Os livros da Rita // Herland, Perkins Gilman

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Trouxe o Herland da Escócia, uma compra que foi fruto não só do roteiro que fiz pelas livrarias de Edimburgo, mas também de uma recomendação dada pelo staff da Golden Hare Books. A premissa prendeu-me imediatamente: um grupo de três exploradores descobrem uma sociedade isolada e independente, formada exclusivamente por mulheres.

 

O livro foi escrito em 1915 por Charlotte Perkins Gilman, que decidiu explorar a ideia de uma utopia feminista. O que percebemos com o desenrolar da narrativa é que este país é perfeito exactamente porque nenhum homem exerce poder ou influência na sociedade. Não há guerras, não há conflito, há apenas um conjunto de mulheres a viver com um objectivo comum - a manutenção da comunidade.

 

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O mais engraçado é que acompanhamos a narrativa sempre do ponto-de-vista destes três homens e, com eles, vamos colocando as mesmas questões. Se não existem homens, como é que elas se reproduzem? Como é que conseguem construir edifícios? O que fazem se forem atacadas? E vamos percebendo também que haveria mais vantagens numa sociedade dominada por mulheres do que as que o mundo em que vivemos parece acreditar.

 

Embora o livro tenha mais de 100 anos, continua a ser bastante actual e está escrito num inglês tão acessível que nem me dei conta da antiguidade desta obra. Recomendo vivamente a leitura a quem gosta de utopias, seja homem ou mulher, porque no fundo só vamos conseguir viver uma melhor versão da nossa sociedade se aprendermos uns com os outros.

 

Conheciam este livro? Que outros semelhantes recomendam? 

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Herland by Charlotte Perkins Gilman

Avaliação: 7,5/10