Polpetta: almôndegas artesanais e à séria
Há, dentro de mim, um alter ego italiano que de vez em quando vem ao de cima. Normalmente em situações como: dizer pistáquio em vez de pistáxio, ter um ataque de nervos quando me dizem que os gelados da Santini são os melhores do mundo ou quando preferem pizzas feitas em Portugal às verdadeiras pizzas italianas. Também acontece quando peço uma bruschetta (também se lê brusquetta e não brusxeta) num restaurante - fico logo à espera que dê asneira.
Quando entrei no Polpetta, um espaço modesto no Regueirão dos Anjos, não estava à espera de reencontrar os verdadeiros sabores italianos. Sabia que o restaurante tinha uma cozinha inspirada neste país, afinal polpetta significa almôndega em italiano, mas ia com as expectativas muito em baixo. Levei logo uma estalada de luva branca assim que dividi uma Bruschetta com Mozzarella com o Guilherme e percebi que estava no ponto: o pão não demasiado duro, temperado com azeite e alho como se quer, com uma mozzarella fresquíssima.
A Ana e o João escolheram a de presunto e não me pareceu que se tivessem arrependido. É que, no Polpetta, aconteceu uma coisa que é raro acontecer: correu tudo bem à primeira. Fomos atendidos por uma colaboradora amorosa, fizemos escolhas perfeitas e acertaram com o Zomato Gold sem termos que mandar a conta para trás vinte vezes (como já me aconteceu).
Neste restaurante tudo é simples: a decoração é reduzida ao essencial, bem como a ementa. Há algumas entradas (foi daí que pedimos as bruschettas) e depois podemos escolher o tipo de almôndegas (vaca, porco, frango ou de batata doce com vegetais), o molho que queremos (iogurte, pesto, tomate ou cogumelos) e o acompanhamento (puré de batata, pasta fresca, polenta frita, legumes assados, salada, couscous ou batatas rústicas). As combinações são infinitas e convidam, desde logo, a um regresso rápido para podermos experimentar tudo.
Mas também há algumas sugestões do Chef que me pareceram interessantes, embora tenha decidido brincar um bocadinho com a carta. Às almôndegas de frango acrescentei molho de cogumelos, extra de mozzarella (peçam também se gostarem de queijo) e acompanhamento de legumes assados. Meus amigos, vocês não imaginam a delícia que era este prato. Raramente me acontece, mas acabei de comer e pensei imediatamente em que dia poderia voltar a comer aquilo de novo. Logo eu, que nunca liguei muito a almôndegas.
Para a mesa vieram as mesmas almôndegas de frango com pesto e legumes assados, numa outra versão com molho de tomate e salada e, ainda, as almôndegas vegetarianas com pesto e polenta. Ficámos todos muito satisfeitos com os nossos pedidos - a verdade é que não há nada a apontar quando sentimos que a comida é o mais caseira possível, feita com carinho e cuidado.
E quando eu achava que este pequeno restaurante, pelo qual não dava nada quando entrei, não conseguia surpreender-me mais, eis que me tentam com um cheesecake de caramelo salgado. Ora, para perceberem o impacto que isto teve em mim precisam de saber que cheesecake é a minha sobremesa favorita e que eu sou louca por caramelo salgado. Pareceu-me a combinação perfeita e era-o de facto.
Há muito tempo que não saía genuinamente satisfeita e agradavelmente surpreendida de um restaurante. Promete ser daqueles sítios onde ir em noites de Inverno, quando nos apetece algo reconfortante, mas não há vontade de cozinhar. Ainda por cima fica tão perto de casa que dá para regressar a pé e desmoer.
Conhecem o Polpetta? Se não, está mais do que recomendado. Toca a ir desfrutar de um belo prato de almôndegas e agradecem-me depois.