Fim-de-semana em Lyon // Dia 1, Annecy
Já tinha partilhado convosco que estou, aos poucos, a começar a gostar do meu aniversário. Costumo dizer que só gosto especialmente de fazer anos porque é uma desculpa para viajar - como se fossem precisas desculpas. Este ano comecei à caça de promoções com antecedência e, ainda em Março, encontrei uma viagem muito barata para Lyon. “Mas, Rita, porquê Lyon?” - perguntam vocês. Simplesmente porque me pareceu uma boa ideia, respondo eu.
A parte boa de planear viagens com relativa antecedência é que temos tempo para encontrar as melhores oportunidades de alojamento. Encontrei um Airbnb pequeno e simpático - embora não muito perto do centro - e a um preço bastante acessível. Todos os dias tínhamos que andar cerca de 45 minutos até ao centro, mas foi especialmente vantajoso pela proximidade à Gare de Lyon Part-Dieu. Já vão perceber porquê.
Como o fim-de-semana prolongado foi mesmo muito especial, quero falar-vos dele com calma. Percebemos que a cidade de Lyon se via tranquilamente em dois dias, por isso decidimos tirar a sexta-feira para visitar a vila de Annecy. Levantámo-nos cedo para apanhar o autocarro de Lyon para Annecy e foi aqui que deu bastante jeito estarmos perto da Gare. A viagem demorou cerca de duas horas, o que foi perfeito para nós porque estávamos ambos demasiado embrenhados nos nossos livros.
Annecy começa a revelar-se devagarinho, mas assim que saímos do autocarro percebemos que íamos gostar daquela pequena vila. Chamam-lhe “a Veneza dos Alpes” e eu estranhei porque não vi água em lado nenhum. Só quando estamos mesmo no centro da vila é que compreendemos a sua alcunha. Estava um dia de céu aberto e bastante calor, o que realçava a cor dos canais e dos edifícios.
A vila deu-nos as boas-vindas com um mercado de rua - algo que, como irão perceber daqui a uns dias, esteve sempre muito presente durante este fim-de-semana. Perdemo-nos durante longos minutos a cheirar queijos, a apreciar frutas e a abrir o apetite com os pães acabados de fazer. Soube bem passear sem destino: passear só porque sim e aproveitar o ambiente de Annecy. Acho que não é só por causa das semelhanças geográficas que a comparam a Veneza. Este sítio causa em nós a mesma vontade de vaguear pelas ruas sem um objectivo em concreto.
Depois dedicámo-nos a percorrer os principais pontos de interesse desta vila: subimos ao Château d’Annecy, passámos pequenas pontes para descobrir o Palais de L’Isle, vimos algumas igrejas e terminámos o caminho nos Jardins de L’Europe, bem perto do Lac d’Annecy. Vocês já me vão conhecendo: é claro que eu já tinha procurado restaurantes para almoçar em Annecy, mas o ambiente daquele jardim prendeu-me de tal maneira que preferi ir buscar comida para continuar junto ao lago.
Ali bem perto descobrimos o Boston Café, um cantinho muito pequeno cuja especialidade são os bagels. Não consegui resistir a experimentar, já que são uma das coisas que mais gosto de comer, e foi mesmo muito bom almoçar num banco de jardim, perto de pessoas que estavam a fazer o mesmo. Aproveitámos o sol e a calma daquele sítio e isso soube-nos mesmo muito bem.
Mas senti que faltava qualquer coisa doce. Foi então que, após uma pequena pesquisa, percebemos que tínhamos uns dos melhores gelados de França a cerca de 200 metros de nós. O Glacier des Alpes fica mesmo no centro da vila, numa rua onde surgem gelatarias por todo o lado, mas é a única com fila à porta. Assim que experimentei a primeira colher das minhas bolas de gelado de Ricotta & Figos e Pistachio compreendi perfeitamente porquê. E ainda me ofereceram uma mini bola de gelado de Avelã, um dos meus sabores favoritos de sempre! Desde que morei em Itália que não comia gelados tão bons, acreditem.
Após um último passeio pelos recantos de Annecy, voltámos felizes (e de barriga confortada) a Lyon. Tínhamos uma reserva para jantar no La mère Suzette, um espaço dedicado aos crepes, e chegámos à cidade pouco antes da hora marcada. Ainda conseguimos ter algumas impressões da cidade, já que o dia continuava soalheiro e com temperaturas amenas. Não quisemos explorar muito, já que esse era o plano para o dia seguinte.
Fomos muito bem recebidos neste novo restaurante (uma dica da Vera, que mora em Lyon), mas por ser num bairro pouco turístico quase ninguém falava inglês. Já estávamos mais ou menos à espera que isso acontecesse e, de certa forma, foi bom para testar a nossa capacidade de ler menus em francês. A comida estava óptima e transportou-me, por momentos, até um dos meus maiores desgostos em Lisboa: o encerramento da La Crêperie da Ribeira. Durante anos foi o meu restaurante favorito da cidade, uma extensão da minha casa, onde gostava de ir com as pessoas da minha vida. Sim, eu sei que ainda existe no Amoreiras, mas não é aquele meu cantinho.
Estava tudo lá: o sabor da galette de trigo sarraceno, o recheio de queijo de cabra e o caramelo salgado do crepe da sobremesa (que, confesso, não chegou aos calcanhares da minha Crêperie). Mais do que um jantar, foi uma viagem a momentos bons que já passei, numa espécie de prelúdio do meu aniversário no dia seguinte. Prometo falar-vos brevemente sobre o que fiz nesse dia e sobre a cidade de Lyon.
Por enquanto, contem-me: já conheciam Lyon ou Annecy? Ou ficaram com curiosidade de visitar esta pequena vila do meio dos Alpes?