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Rita da Nova

Sab | 02.09.17

Escócia // Dias 3 & 4

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Não acredito que ainda só vos falei dos primeiros dois dias da roadtrip pelas Highlands escocesas - podem recordar o relato desses dois dias aqui. Falta tanta coisa para contar, tantos sítios para recomendar e tantas fotografias para mostrar. Por isso mesmo, e sem demoras, hoje trago-vos o diário de viagem do terceiro e quarto dia, possivelmente aqueles em que fizemos um percurso maior.

 

DIA 3 // Loch Ness e Inverness

O terceiro dia na Escócia nasceu com a promessa de tomar um pequeno-almoço delicioso no Mountain Cafe, em Aviemore. Íamos dizer adeus à casinha da árvore e partir para Inverness, considerada a capital das Highlands. Levantámo-nos cedo para aproveitar o dia ao máximo, mas batemos com o nariz na porta quando chegámos ao café. Isto porque, embora fosse um dia de semana, toda a gente tinha decidido tomar o pequeno-almoço naquele sítio.

 

Uma coisa sobre mim: eu gosto muito de comer e crio muitas expectativas quando vejo um sítio que quero muito experimentar ou tenho desejos de algo em concreto. E fico extremamente chateada quando não consigo mesa e/ou quando não há aquilo que quero comer. Acabámos por comprar comida no maravilhoso Tesco de Aviemore para comer no carro. Aproveitámos e trouxemos logo almoço (Avé Meal Deals!) porque o dia ia ser longo e não sabíamos quando seria possível parar para comer nalgum lado.

 

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Sabíamos que, a caminho de Inverness, queríamos fazer algumas paragens obrigatórias, por isso escolhemos um trajecto mais longo que nos permitisse ir a todos os pontos. Passámos pelo Loch Mhor e aproveitámos a vista no Suidhe Viewpoint. Nesta altura do ano, o Cairngorms National Park deixa de ser apenas verde e cinzento e pinta-se também de roxo, dando origem a uma vista de cortar a respiração.

 

Passámos perto do Loch Tarff ainda antes de chegar a Fort Augustus - a vila que se situa no ponto mais a sul do Loch Ness. Como não poderia deixar de ser, a Escócia brindou-nos com um céu bem cinzento e uma bela chuvada, por isso abrigámo-nos numa pastelaria para aquecer enquanto esperávamos que abrandasse.

 

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Não estava famoso, por isso acabámos por explorar a vila mesmo com chuva. O próximo passo era tentar arranjar lugar num cruzeiro pelas águas do Loch Ness e, para tal, subimos a estrada que percorre a margem oeste do lago até chegarmos quase à outra ponta. Não sabia, mas o Loch Ness é o maior lago da Escócia em termos de volume que ocupa, não em termos de extensão - esse lugar é do Loch Lomond, de que vos falarei ainda neste conjunto de posts sobre a viagem.

 

Infelizmente não conseguimos bilhetes para nenhum dos cruzeiros - pelos vistos na Escócia é mesmo preciso marcar tudo com antecedência. Almoçámos dentro do carro e voltámos ligeiramente atrás para visitar o Urqhuart Castle, que fica mesmo na margem do lago. Uma das coisas que nos explicaram nessa visita é que este castelo foi sempre muito desejado por diferentes povos ao longo dos anos, sendo constantemente atacado. A determinada altura, o dono do castelo fartou-se e decidiu destruir a estrutura para que parassem de o chatear. Mesmo em ruínas, vale muito a pena visitar pela vista privilegiada que se tem para o Loch Ness.

 

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Chegámos mais cedo do que esperávamos a Inverness, mas ainda bem: o céu abriu-se para nos receber e esteve um sol radiante durante toda a tarde. Aproveitámos para passear calmamente: descobrimos os recantos do Victorian Market, subimos ao Inverness Castle e fomos presenteados com uma vista lindíssima. Acredito que Inverness também consiga ser bonita com chuva e tempo cinzento, mas encantou-me pela maneira como o sol brilhava nos edifícios e nas águas do rio. Antes de jantar ainda visitámos a outra margem do rio com o propósito de conhecer a St. Andrew’s Cathedral.

 

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Aprendi a lição rapidamente, por isso marcámos mesa com antecedência no The Mustard Seed - um restaurante bem catita perto do nosso hotel. O Guilherme pediu uma entrada com haggis e, sim, fiz uma cara muito feia quando provei. Tanto que me recusei a comer de novo durante toda a viagem! Preferi manter-me nas coisas que sei que gosto: o hummus com paprika e o bacalhau com gnocchi estavam divinais e foram a melhor maneira de terminar o dia.

 

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DIA 4 // A magia da Isle of Skye 

No nosso passeio por Inverness no dia anterior encontrámos o Nourish e decidimos logo tomar o pequeno-almoço ali, bem cedo, antes de partirmos à descoberta da Isle of Skye. Chegámos quando o sítio tinha acabado de abrir, e discutimos o plano para esse dia enquanto comíamos um pequeno-almoço saudável e reconfortante.

 

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Decidimos que, a caminho da Isle of Skye, iriamos passar pelo Loch Cluanie e pelo Loch Duich. No percurso entre estes dois lagos encontramos o Glen Shiel, um vale muito íngreme no meio de algumas montanhas e foi uma das vistas de que mais gostei em toda a viagem.

 

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Ainda antes de passarmos a ponte para entrar em Skye, estacionámos o carro com o objectivo de visitar o lindíssimo Eilean Donan Castle. Embora o lago que o circunda estivesse bastante vazio, não deixou de ser uma paisagem bem bonita.

 

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À medida que nos embrenhamos cada vez mais na Isle of Skye, a paisagem vai mudando ligeiramente. Sabemos que estamos numa ilha relativamente pequena, por isso os nossos olhos procuram instintivamente o mar. E ele surge. Depois de passarmos pelo Loch Ainort, pelo Loch Fada e de observarmos rapidamente a vila de Portree (a maior daquele lado da ilha), dirigimo-nos ao Old Man of Storr. Estava demasiado nublado para fazermos a caminhada até lá, mas conseguimos identificá-lo por entre a neblina.

 

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Queríamos parar em dois sítios muito particulares, mas antes de mais dirigimo-nos ao Skye Pie Cafe - que, como o nome indica, serve as famosas pies escocesas. O sítio era muito amoroso, fazia lembrar uma casa de bonecas. Vim a perceber que também funciona como Bed & Breakfast e arrependi-me logo de não ter ficado ali uma noite.

 

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Os donos deste pequeno espaço iniciaram o The Red Thread Project, uma iniciativa que adorei, mas que vou deixar que vos seja explicada pelas palavras deles:

An ancient Chinese proverb says:

An invisible red thread connects those who are destined to meet, regardless of the time, the place or the circumstance.

The thread may stretch or tangle, but it will never break

I wanted to mark a certain moment in time for everyone who visits this room.

By whatever force and circumstances that have brought each individual here I am asking those who would like to sign their name on a brown tag which I will then embroider over in a red thread symbolising the red thread that pulls and connects us as individuals.

 

Nada mais do que uma forma de eternizar a memória de termos estado ali, naquele sítio. E bem me custou sair dali, confesso, mas havia ainda muita coisa para ver neste dia que parecia tão curto. Já de estômago confortado, visitámos as Lealt Falls, umas cascatas que ficam no meio de um vale, e depois fomos presencear vista deslumbrante do Kilt Rock Viewpoint. Em ambos os casos, as cascatas desaguam directamente no mar. 

 

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Fiquei apaixonada pela ilha de Skye e decidi, ali, naquele momento, que é o sítio para onde quero ir viver quando me reformar. Ali, onde o verde dos campos coexiste de forma magnífica com o azul forte do mar. Ali, onde o ar que respiramos é puro e tranquilo.

 

Começámos a dar a volta ao lado este da ilha, num percurso de despedida, mas voltámos a optar por um caminho mais longo para podermos visitar as Fairy Pools. Sim, mais cascatas. E sim, mais uma paisagem de cortar a respiração. A chuva parou mal estacionámos o carro e pudemos fazer o caminho todo até ao topo das cascatas sem grande problema.

 

fairy-pools.jpg

 

Já começava a fazer-se tarde e pusemo-nos a caminho do lodge onde ficariamos alojados naquela noite. Foi uma parvoíce não termos optado por pernoitar em Skye, uma vez que assim poderíamos ter visto o resto da ilha. Como se costuma dizer, é mais uma desculpa para voltar - como se fossem precisas desculpas.

 

Chegámos bastante tarde às margens do Loch Lochy, onde ficava o nosso quarto. A janela dava directamente para um alpendre sobre as águas do lago e a neblina deu-lhe uma mística maravilhosa. O único problema? Nada estava aberto para jantar e ainda só eram 20h45. Lembram-se de vos ter dito que tudo fecha demasiado cedo na Escócia? Pois bem, aqui está mais uma prova. Acabámos a comer bolachas de milho e papas de aveia no quarto, mas agora que olho para trás não poderia ter sido mais perfeito. 

 

Aqui fica o mapa do costume, para poderem ter uma noção de onde ficam os sítios todos de que vos falei:

 

 

No dia seguinte esperava-nos um pequeno-almoço verdadeiramente escocês, na vila de Spean Bridge, mas sobre isso falo-vos no próximo post. Irei detalhar o quinto e o sexto dia da nossa roadtrip pelas Highlands. Mas, até lá, digam-me: o que estão a achar deste diário de viagem?