O Japonês: cozinha Nikkei no novo restaurante do Ritz
“O Japonês”, tão simples quanto as coisas boas devem ser. É assim que se chama o novo restaurante do Ritz - Four Seasons, que apesar de ter um nome curto e directo, consegue surpreender a cada momento. E porque quando o caminho se faz de descoberta constante o melhor mesmo é ir acompanhado, não podia ter escolhido melhores pessoas para embarcarem comigo nesta aventura.
Uma aventura, sim, porque O Japonês não é só japonês. O Ritz quis que este novo restaurante fosse diferente: diferente d’O Varanda, um espaço já sobejamente conhecido, e diferente de tudo o resto a que estamos habituados. Por isso, trouxe para a mesa a cozinha Nikkei, que é nada mais nada menos do que a fusão entre a comida japonesa e a comida peruana (“mais trendy não podia ser”, como disse a minha querida Ana). Se a isto juntarmos um ambiente descontraído, pouco habitual para um restaurante de hotel, temos a receita perfeita para uma noite bem passada.
Noite essa que durou mais de quatro horas e começou lá fora, ao ar livre, com um White Lychee - um cocktail com gin e puré de lichias. Abriu-nos o apetite para tudo o que estava à nossa espera lá dentro.
Começámos em grande, com as minhas peças de sushi favoritas: os nigiri e os gunkan. Mas não era um sushi qualquer, já que cada uma destas peças trazia algo de novo e combinações novas e explosivas. O ISE EBI Gunkan envolve o arroz em pepino e acompanha-o com lagosta e maionese de wasabi, com o equilíbrio certo entre picante e frescura. O Nigiri de Salmão tem ovas tobikko, molho cítrico e yuzu, um citrino japonês que nos acompanhou durante todo o jantar. E, por fim, o Nigiri de Atum (possivelmente o meu prato favorito de toda a degustação) a ser acompanhado de azeite de trufa, trufa preta e folha de ouro - terra e mar num pedacinho de comida.
Seguiu-se uma Salada de Lavagante e Espinafres com vinagrete de yuzu e trufa, uma salada um tempero tão bom como eu poucas vezes provei na vida. E, logo a seguir, fomos presenteados com um maravilhoso Sashimi de Salmão com mostarda agridoce e miso. Ambos os pratos estavam fresquíssimos e combinaram muito bem um com o outro.
Mas ainda vamos a meio do caminho nesta incrível viagem gastronómica. Ainda houve tempo para provar uma Tempura de Camarão com molho picante e salada com molho de yuzu, que tinha uma polme de fazer inveja aos peixinhos da horta de qualquer avó. Para terminar a secção dos pratos principais, chegou-nos à mesa um Filete de Peixe-Galo com vinagrete de chilli, shiso e arroz japonês. Para além de uma lindíssima apresentação, surpreendeu pela combinação suave de sabores e a forma perfeita como o molho casava com o arroz japonês.
Chegaram, por fim, as sobremesas que, como já sabem, conseguem ser sempre a minha parte favorita da refeição. E O Japonês conseguiu algo ainda melhor: mostrou que um restaurante de inspiração japonesa pode e deve ter boas sobremesas, pensadas de propósito para combinar com a carta. E foi assim que a Geleia de Frutos Vermelhos com gelado de yuzu e a Selecção de Gelados Mochi de yuzu, matcha e chocolate nos foram apresentadas: como a melhor forma de terminar uma excelente refeição e uma conversa ainda melhor. Confesso que gostei mais da selecção de gelados, pela textura e diferença de sabores, mas a geleia é a sobremesa perfeita para dias de calor.
Sei que ficou muito para provar n’O Japonês e ainda mais para conhecer na gastronomia Nikkei, da qual fiquei imediatamente fã. Mas essa é a parte boa das viagens à mesa: podemos repetí-las com mais facilidade e com mais frequência do que as outras. E, no meu regresso, quero que tudo seja tão bom como desta vez.
Já conheciam esta cozinha de fusão ou este restaurante? Contem-me tudo!