Antes de continuar a relatar-vos a ida à Escócia, vamos falar de coisas práticas - não tanto de organização da viagem, mas de uma questão que para mim é muito importante. Esta foi a viagem mais longa que eu e o Guilherme fizemos até agora, o que nos colocou logo preocupações em relação à Guinness e à BB-8.
Eu sou uma mãe-galinha para as minhas gatas. Acho que isto já não é propriamente novidade para ninguém, mas tenho diferentes graus de mimo em relação a elas. Se formos passar um fim-de-semana fora (ir na sexta e regressar no domingo), normalmente nem peço a ninguém que vá lá a casa vê-las. Fico de coração apertado, é verdade, mas sei que se aguentam bem sem nós durante um dia, sobretudo por terem a companhia uma da outra.
Se a nossa ausência for um pouco mais prolongada, então tento pedir a alguém que tome conta delas. Mas 11 dias a criar essa obrigação noutra pessoa pareceu-me demasiado. Como os gatos são animais muito territoriais, que valorizam muito o seu espaço, também não me pareceu justo tirá-las de casa para passarem esses dias com alguém. Andava neste dilema interior (Deixo-as com alguém? Sou chata e peço que venham cá a casa todos os dias?) quando me falaram n’O Gato Fica.
O Gato Fica é, como o nome deixa prever, um serviço de catsitting ao domicílio. Então, mas e é uma pessoa qualquer que vai ficar a tomar conta das minhas miúdas?, pensei logo. Uma das muitas vantagens deste serviço é que as catsitters trabalham todos os dias com gatos porque são médicas veterinárias ou enfermeiras, por isso conseguem estar muito mais alerta para potenciais problemas. Quando percebemos que a veterinária da Guinness e da BB-8 é amiga da dona d’O Gato Fica, ficámos completamente descansados.
Correu tudo às mil maravilhas: a Rita, que ficou a tomar conta delas, foi lá a casa algumas semanas antes para nos conhecermos e nos explicar como é que o serviço funciona. Optámos por fazer visitas diárias e Premium, que duram entre 30 a 60 minutos, já que as nossas gatas precisam muito de atenção. A Rita foi lá vê-las todos os dias e enviava-nos uma mensagem com fotografias e vídeos por WhatsApp, para vermos como estavam. Nos últimos dias ainda deu uma ajuda extra, já que a areia acabou e não tínhamos mais.
Não podia ter ficado mais satisfeita com O Gato Fica. Assim que conheci a Rita senti que a Guinness e a BB-8 iriam ficar em muito boas mãos e não me enganei. Tenho a certeza que não será a única vez que vou recorrer a esta maravilhosa ajuda!
O que fazem com os vossos animais quando vão de férias? Já conheciam O Gato Fica ou outros serviços de petsitting?
Lembram-se de vos ter posto a par dos planos para a viagem de quase duas semanas na Escócia? Pois bem, chegou altura de vos contar como correu e de mostrar o percurso que fizemos. Na verdade, podemos dizer que foram umas férias divididas em dois momentos: na primeira semana alugámos um carro e demos uma volta pelo país (sobretudo pela zona das Highlands) e na segunda semana assentámos arraiais em Edimburgo para o Fringe Festival.
Por isso, gostava também de dividir este relato em duas grandes partes. Vou começar por contar-vos como correu a primeira semana, mais ao estilo de diário de viagem - o que fizemos em cada dia e as minhas impressões sobre cada um dos locais. Depois gostava de falar-vos com mais detalhe de Edimburgo, uma cidade que me apaixonou e que merece destaque por tudo aquilo que consegue proporcionar. Assim sendo, hoje trago-vos os dois primeiros dias passados na Escócia. Vamos a isso?
DIA 1 // A chegada à Escócia e a casa da árvore
O primeiro dia da viagem foi dedicado quase exclusivamente à chegada. Isto porque, embora tenhamos aterrado no aeroporto de Edimburgo e tenhamos alugado lá o carro, pusemo-nos logo a caminho do Cairngorms National Park - o maior parque natural do país -, em busca da casinha onde iriamos ficar alojados durante duas noites. Mas muitos dias mais seriam necessários para explorar completamente as maravilhas da natureza que este parque esconde.
Depois de mais de 200km, chegámos finalmente ao nosso Airbnb, que se chama Tree Spirit Lodge porque passa literalmente uma árvore no meio da cabana. Não podíamos ter escolhido um sítio melhor para nos colocar no mood do que iriamos viver nos dias seguintes. O alojamento ficava mesmo ao lado do Loch Morlich, um dos muitos lagos que existem neste parque natural. E, acreditem, se há coisa que vão poder ver aqui pelo blog nos próximos dias, é lagos.
Estávamos exaustos depois de uma viagem de avião e de quase 3h de carro - mais o Guilherme do que eu, porque teve que se habituar a conduzir no lado oposto - e decidimos comprar comida no Tesco de Aviemore, a vila mais perto, para jantar na cabana e tomar o pequeno-almoço no dia seguinte. Por falar em Tesco: sou só eu que vibro completamente com os supermercados dos outros países? Passo imenso tempo a passear pelos corredores para ver os produtos que têm!
DIA 2 // Muitos lagos, Stonehaven e Dunnottar Castle
Quando ainda estávamos a planear a viagem, a querida Raquel sugeriu-nos que visitássemos o Dunnottar Castle, na costa Oeste da Escócia. Durante muito tempo convencemo-nos de que seria perfeitamente exequível fazê-lo logo no primeiro dia, no caminho entre o aeroporto de Edimburgo e o Tree Spirit Lodge, mas assim que chegámos percebemos que seria praticamente impossível. Por isso, decidimos que essa zona seria a primeira a ser visitada, até porque implicava atravessar o Cairngorms National Park - e isso pareceu-nos uma forma de juntar o útil ao agradável.
Levantámo-nos cedo, tomámos o pequeno-almoço para conseguirmos enfrentar o dia, e pusemo-nos a caminho de Stonehaven com várias paragens pelo caminho. A primeira foi o Loch Garten, uma agradável surpresa devido ao bom tempo que se tinha instalado. O lago é lindíssimo e o passeio matinal soube-nos pela vida. Cruzámo-nos com alguns casais mais velhos, que desfrutavam também de um passeio, e foi inevitável pensar que é assim que quero a minha reforma.
Ainda a caminho de Stonehaven vimos uma placa a apontar para o Drumin Castle e decidimos desviar um pouco o percurso para o visitar. Não é excepcional, mas serviu para mostrar a liberdade inerente às roadtrips. Podemos sempre ir adaptando o nosso percurso consoante as surpresas que aparecem na estrada.
Assim que chegámos a Stonehaven ficámos rendidos ao ambiente naval que por ali se vive. É uma vila piscatória muito amorosa, que contrasta muito com a natureza a que já estávamos acostumados no Cairngorms. Até começou a chover, para dar ainda mais o sentimento de estarmos num anúncio do Capitão Iglo.
Fomos até ao Stonehaven Harbour para encontrar um sítio onde comer e o Old Ship Inn chamou-nos logo à atenção. Tirando as grandes cidades como Glasgow e Edimburgo, a maioria dos restaurantes na Escócia são, simultaneamente, espaços de alojamento (daí o “Inn” no nome). E, pessoas, foi ali, naquele pequeno porto de uma cidade escocesa, que me apaixonei para toda a vida. Eu já sabia que o salmão fumado escocês era maravilhoso, mas o que eu não sabia é que existe a versão cozinhada do salmão fumado - Hot Smoked Salmon para os amigos - que é ainda melhor. Desde que o provei pela primeira vez, passei a procurá-lo em todos os restaurantes a que fui durante a viagem.
De barriga confortada, fomos então a caminho do Dunnottar Castle (o motivo pelo qual decidimos dar esta volta grande). Fiquei sem palavras assim que o avistei: fica situado junto ao mar, numa entrada de terra, e mesmo o facto de estar a chuviscar e de o céu estar cinzento não lhe tirou o encanto. Valeu cada quilómetro que percorremos para o visitar.
No regresso a casa tivemos ainda tempo de visitar o Craigievar Castle, que parece saído de um conto de fadas. Tive pena que já tivesse fechado - as coisas na Escócia fecham todas muito cedo, mas sobre isto falar-vos-ei com mais pormenor noutra altura. Passámos de carro junto ao Loch Pityoulish e ainda houve tempo para caminhar junto à margem do Loch an Eilein antes de jantar, para ver o castelo em ruínas no meio da água. Fiquei agradavelmente surpreendida por perceber que, no Verão, a Escócia tem muitas horas de luz (o sol nasce pelas 5h30 e só se põe por volta das 20h30). Por isso, tive sempre a sensação de aproveitar muito bem os dias e de conseguir fazer muita coisa.
Tínhamos pensado jantar no Old Bridge Inn, em Aviemore, um restaurante de que tínhamos ouvido falar muito bem, mas infelizmente estavam demasiado cheios para conseguirmos sentar-nos. A empregada sugeriu-nos que jantássemos no Cairngorm Hotel e ficámos muito bem servidos. E adivinhem o que pedimos para entrada? Exactamente - Hot Smoked Salmon. Eu disse-vos que tinha ficado apaixonada.
Eu sei que são muitos sítios e que é difícil ter noção geográfica dos sítios por onde andámos, por isso preparei um pequeno mapa onde podem consultar cada um dos pontos de que falei.
O que acharam deste primeiro diário de bordo por terras escocesas? Já conheciam ou têm curiosidade em conhecer algum destes sítios? Brevemente vou voltar a falar-vos desta viagem, fiquem por aí!
E parece que acabou. Sim, estou a falar de Game of Thrones. Felizmente nunca tinha passado por esta sensação de ter que esperar mais de um ano por novos episódios, já que comecei a ver a série no ano passado, numa grande maratona que acabei mesmo antes da estreia desta 7ª temporada.
Como já vos tinha adiantado, quis ver a season finale com pompa e circunstância, por isso regressei a um sítio onde fui muito feliz - a House Raposo. Este post não serve para voltar a falar-vos a experiência de ver um episódio de Game of Thrones como se estivesse em Westeros e tão-pouco para vos descrever o banquete que nos prepararam, uma vez que podem ler tudo isso aqui.
Este post é tem dois propósitos. Em primeiro lugar, agradecer: agradecer às maravilhosas pessoas que estão por detrás da House Raposo, que tiveram a iniciativa de proporcionar um momento assim. É preciso coragem para abrir a porta de nossa casa a estranhos, mas no final do dia isso resulta em algo muito bonito - reunimo-nos com pessoas que não conhecíamos em torno de um gosto ou paixão comuns.
Neste último episódio, a House Raposo conseguiu surpreender-nos ainda mais: no final ofereceram-nos um envelope lacrado (como não poderia deixar de ser), com um agradecimento e cartões de personagens. A mim calharam-me duas das minhas personagens favoritas (a Brienne e a Cersei) e uma das frases que mais gosto: Valar morghulis. Não podia ter sido mais certeiro.
O que nos leva ao segundo motivo pelo qual escrevo este post: sou eu a única a gostar da Cersei? É a minha personagem favorita de Game of Thrones, mas isto não significa que queira que ela vença. Acho apenas que é - a par da Arya - a mulher mais corajosa da série e que tem motivações perfeitamente legítimas para agir da maneira como age. Há uns tempos vi um pequeno vídeo em que o George R. R. Martin falava sobre o facto de as personagens, como as pessoas reais, não serem exclusivamente boas ou exclusivamente más. Nenhuma pessoa se levanta de manhã e diz “hoje vou ser má”, embora depois existam danos colaterais. E é por isso que gosto tanto da Cersei.
Contem-me tudo: qual é a vossa personagem favorita de Game of Thrones?
Provavelmente serei a única pessoa que regressa à rotina com uma disposição 100% zen, pronta para aguentar qualquer desafio e suportar o desgaste mental de trabalhar. Para mim sempre foi mais importante descansar a cabeça do que o corpo - talvez seja por isso que me levanto cedíssimo nas férias, de modo a aproveitar tudo ao máximo. Foi assim nesta viagem à Escócia: andei por sítios maravilhosos no meio da natureza, explorei cada castelo e lago como se fossem os últimos. A minha cabeça voltou fresca, mesmo que tenha vontade de dormir durante 24 horas seguidas (acreditem, é o que não me falta).
Sobre a viagem haverá tempo para falar e podem ver algumas fotografias aqui. Planeio trazer-vos um relato da roadtrip que fizemos pelas Highlands, bem como alguns roteiros sobre o que ver e o que comer em Edimburgo. Para já queria só dizer-vos olá, dar conta deste lento regresso e explicar-vos o que podem esperar do blog nos próximos dias. Para além de muitos posts sobre a Escócia, vou também falar-vos da experiência que tivemos com O Gato Fica, do sentimento de ver uma season finale de Game of Thrones na House Raposo (como assim, é já hoje?) e trazer-vos mais algumas novidades gastronómicas.
Para já, vou só ali rever as fotografias que tirei durante as férias. Como é que lidam com o regresso? Eu faço por manter-me o mais activa possível (retomar ginásio, boa alimentação, rever amigos) e começo logo a planear a próxima viagem.