A chegada da Feira do Livro deu-me para pensar nos livros que gostava de nunca ter lido, só para ter o prazer de os ler novamente pela primeira vez. Depois desta reflexão percebi duas coisas: que já li muitos bons livros na vida e que tenho uma queda para adorar livros mais tristes ou trágicos. E acho que isso acontece porque, quando bem exploradas, a tristeza ou a tragédia podem ser incrivelmente bonitas.
Hoje trago-vos as quatro primeiras obras que me vieram à cabeça quando pensei nos livros que gostava de nunca ter lido. Olhem que o Verão está à porta e é sempre bom estarmos (bem) preparados para as longas horas de leitura na praia.
Alguma vez criaram uma relação de empatia tão grande com uma personagem má, que foram incapazes de odiá-la? Se já vos aconteceu, então conhecem perfeitamente a sensação que tive ao ler este livro. Trata-se de Humbert Humbert, o protagonista deste livro, um homem que desenvolve uma obsessão doentia por uma menina de 12 anos, a Dolores. O tema pode ser chocante, mas acreditem que o livro é muito poético e está incrivelmente bem escrito. Não é uma leitura fácil nem leve, mas foi um dos melhores livros que li na vida, por isso aconselho vivamente.
Este não é um livro sobre um órfão. Nem é um livro sobre o charlatão húngaro que o ensina a voar. É um livro que vai muito para além disto e que tem a melhor citação final de todos os tempos. Desculpem os spoilers, mas cá vai:
Deep down, I don’t believe it takes any special talent for a person to lift himself off the ground and hover in the air. We all have it in us—every man, woman, and child—and with enough hard work and concentration, every human being is capable of…the feat….You must learn to stop being yourself. That’s where it begins, and everything else follows from that. You must let yourself evaporate. Let your muscles go limp, breathe until you feel your soul pouring out of you, and then shut your eyes. That’s how it’s done. The emptiness inside your body grows lighter than the air around you. Little by little, you begin to weigh less than nothing. You shut your eyes; you spread your arms; you let yourself evaporate. And then, little by little, you lift yourself off the ground. Like so."
Incrível como demorei tanto tempo a pegar no ODeus das Moscas. Esteve durante muito tempo na minha must read list, mas entretanto foi sendo ultrapassado por outros. Não me lembro de ter lido assim tantos livros que retratassem tão bem o espírito humano e a sua degradação. Se gostam de histórias que ficam na vossa cabeça durante muito tempo depois de as acabarem, então têm que ler este.
Um dos maiores desgostos que sofri na vida foi ver Gabriel García Márquez morrer e perceber que nunca mais haveria novos livros dele para ler. Aqui me confesso uma incondicional fã do autor - na verdade acho que não há nenhum livro dele de que eu não tenha gostado a sério. Aliás, o Cem Anos de Solidão foi até o que menos gostei, embora seja a sua obra mais conhecida. Mas O Amor nos Tempos de Cólera é um dos livros mais bonitos que alguma vez li. E retrata a história de um verdadeiro amor de uma vida de forma magistral. Se nunca leram, façam um favor a vocês próprios e vão a correr ler.
Já leram algum destes livros? Gostaram? E que livros gostariam de ter o prazer de ler pela primeira vez novamente?
Sempre tive mixed feelings em relação ao casamento. Não pensem os mais distraídos que o Guilherme fez o pedido e que foi por isso que resolvi dissertar sobre este tema. É que ontem fui convidada num casamento e fiquei a pensar de onde virão estes meus sentimentos tão contraditórios em relação a esta cerimónia.
Os casamentos são sempre festas espectaculares, mais que não seja porque servem como desculpa para juntar amigos e família durante um dia. Estão todos ali para celebrar o amor na sua expressão mais sublime: duas pessoas decidiram unir-se, supostamente para a vida, e nós tivemos a sorte de sermos escolhidos para estar com elas nesse dia.
Compreendo perfeitamente que as pessoas queiram casar-se e apoio-as se for essa a sua decisão, mas há momentos em que me questiono se o casamento será uma obrigação ou se será o ponto máximo da demonstração do amor que sentimos por outra pessoa. A verdade é que o casamento sempre me pareceu um passo a mais naquilo que deveria bastar-se por si - o amor.
Mas depois vem a minha Avó - munida com as suas histórias incríveis de vida - tirar-me do meu pedestal céptico e lembrar-me que nem sempre o amor basta. Que às vezes nem sequer é o amor que decide; que às vezes precisamos de encontrar formas de mostrar aos outros que vamos com eles até ao fim e que o casamento é uma forma tão legítima como as outras.
Aos 50 anos, a minha Avó casou pela primeira (e única) vez. Não com o pai da minha mãe, mas com o homem a que ainda hoje chamo Avô. Conheceram-se no consultório médico onde a minha Avó trabalhava como assistente e não foi amor à primeira vista. Ou à segunda. Nem sei se alguma vez o amor enquanto o conhecemos foi para ali chamado. O cancro estava lentamente a matá-lo e ele só queria o que nunca tinha tido na vida: uma família. E foi isso que ela lhe deu durante quase três anos: uma família e algo a que se agarrar, pessoas com quem partilhar os dias, crianças para ver crescer.
Por isso, enquanto todos os casamentos forem como o da minha Avó e como aquele em que estive ontem, então contem comigo para levantar o copo e brindar a algo que, embora não compreenda, consigo sentir.
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O vestido que usei no casamento de ontem é da Chic by Choice e não podia estar mais satisfeita com o serviço. Foi a primeira vez que aluguei um vestido, mas a equipa foi incansável e não desistiu enquanto não me encontrou "o tal". Quanto ao cabelo, se acompanharam as stories do Instagram conseguiram ver alguns pormenores, mas foi tudo um maravilhoso trabalho feito pela Rita Serrano, do HairDreams by Rita. A Rita penteou-me pela primeira vez em 2012 e não quero outra pessoa a fazer-me penteados para ocasiões especiais! Podem acompanhar o trabalho dela no Instagram, no Facebook e no YouTube. Assim que tiver mais fotografias partilho convosco.
Hoje acordei com as memórias do meu último aniversário. Eu sei que já passou algum tempo - afinal faço anos em Setembro -, mas vou lembrar-me sempre deste dia. Não porque tenha feito 25 anos e isso signifique que já cá ando há 1/4 de século. Nem pelo aniversário em si - confesso que nunca liguei muito à ideia de fazer anos. Não amo nem odeio, não me aquecem nem me arrefecem. Prefiro passar por eles como passo por todos os outros dias.
Mas o ano passado foi especial. O Guilherme ofereceu-me uma viagem a Amesterdão, cidade onde ele já tinha estado e eu não. Já tinha ouvido falar bem e já tinha ouvido falar mal. Mas quando alguém te diz, como ele me disse, que a cidade é “a tua cara”, é caso para elevar as expectativas. Adorei cada segundo do fim-de-semana e, pela primeira vez na vida, gostei genuinamente de fazer anos. E acho que, para além da companhia, há três grandes razões para que isso tenha acontecido.
Um bolo de aniversário diferente
Nada como entrar mesmo no espírito da cidade e soprar as velas num Space Cake: porque um bolo de aniversário em si já é bom, mas torna-se ainda melhor quando vem com efeito de felicidade prolongada. Mas mais do que isso, adorei a forma completamente descontraída com que fizemos os preparativos. Comprámos uma fatia de bolo para dividir, comprámos velas num supermercado e fomos para o parque mais próximo celebrar.
O melhor presente de todos
Viajar é uma das coisas que mais gosto de fazer na vida, por isso foi o melhor presente que me poderiam ter dado. Achei Amesterdão uma cidade tão descontraída e simpática, onde tudo funciona como devia sem que haja pressão para tal. As pessoas têm um ar tão feliz, que é impossível não ficarmos contagiados pela disposição deles.
Amesterdão tem muita coisa para ver, desde o Vondelpark ao Rijksmuseum, passando por uma pequena viagem a Zaanse Schans para ver os moinhos. Ainda assim, o melhor da cidade é andar pelos canais para ver as diferentes paisagens que eles vão criando. Os canais podem ser todos parecidos, mas garanto-vos que cada um deles é bonito de uma forma diferente.
Pequenos-almoços maravilhosos
A cereja no topo do bolo deste fim-de-semana foram os pequenos-almoços que fizemos em Amsterdão. É que o pequeno-almoço é a minha refeição favorita, se pudesse comia comida de pequeno-almoço a toda a hora. No primeiro dia, mesmo pertinho do hotel em que ficámos, encontrámos o Lavinia Good Food - um sítio de comida saudável mas deliciosa. Arrisco em dizer que foi o meu sítio favorito de toda a viagem. De tal maneira que, no dia seguinte, fomos lá para fazer brunch.
Ainda antes de regressarmos e de uma visita ao Rijksmuseum, fomos tomar um pequeno-almoço reforçado ao The Breakfast Club. Este sítio tem mais do que uma localização na cidade, mas seja qual for a vossa escolha terão certamente uma boa experiência.
Como sempre, podem ver mais fotografias desta viagem aqui.
Gostei tanto da experiência que decidi começar a tradição de viajar sempre no meu aniversário, nem que seja cá dentro. Este ano já temos destino: vamos passar o fim-de-semana a Lyon. Alguém conhece e tem dicas?
Dublin foi, durante anos, a minha viagem de sonho. Eu sei que parece ridículo - normalmente a etiqueta “viagens de sonho” usa-se para marcar destinos longínquos, viagens caras ou voltas ao mundo. Não era esse o meu caso. Desde miúda que tinha um fascínio enorme por esta cidade e talvez tenha sido por isso que a escolhi para a primeira viagem com o Guilherme. Lembram-se daquela viagem a Dublin que acabou por ser em Paris? Essa mesmo.
A ida a Dublin só aconteceu uns meses mais tarde - antes disso ainda fomos a Madrid -, mas não podíamos ter tido uma pontaria mais certeira. Porquê? Porque chegámos na Sexta-feira Santa, um dos (raros) dias em que não se pode beber álcool na cidade. Íamos nós todos contentes, prontos a passar o final do dia em pubs, e demos por nós no quarto de hotel, depois de um jantar banhado em água. Tirando este pequeno “percalço”, esta viagem só me confirmou as expectativas que tinha criado durante anos. É que facilmente me imagino a viver ali - ali, onde as pessoas são incrivelmente simpáticas; ali, onde há sempre um pub para nos acolher da chuva; ali, onde se vai a pé para todo o lado e se é feliz só de caminhar.
Se Dublin faz parte dos vossos planos para viagens futuras, saibam que um fim-de-semana ou três dias bastam para a conhecer. Hoje trago-vos os meus pontos favoritos de uma cidade onde quero voltar rapidamente.
Trinity College
Se gostam de livros, têm que ir não só a Trinity College como à sua biblioteca. De certeza que já ouviram falar do famoso Book of Kells e é lá que podem vê-lo. E acreditem que está muito bem conservado! A biblioteca é muito mais pequena do que imaginei, mas mesmo assim consegue prender-vos durante bastante tempo.
Temple Bar
Num registo completamente diferente, não podem perder Temple Bar por nada deste mundo. Ir a Dublin e não passar tempo em pubs é ainda mais grave do que ir a Roma e não ver o Papa. Se quiserem fugir da confusão (boa sorte) optem por entrar nos bares menos conhecidos, e fujam do próprio do Temple Bar, que dá nome à área. Ainda assim, a minha recomendação é que entrem na mesma, nem que seja para o verem por dentro.
Guinness Storehouse
Confesso que sempre achei que a Guinness Storehouse era um esquema para turistas e que não valeria a pena fazer uma visita, mas estava bem enganada. Para além de muito completa e interactiva, a tour deixa-vos mesmo com noção de como se faz esta cerveja e dá-vos a oportunidade de (tentar) tirar uma Guinness perfeita. No final ainda podem bebê-la com uma vista sobre a cidade à vossa frente.
Powerscourt Centre
Um dos sítios que mais gostei foi o Powerscourt Centre, não tanto por ser um centro comercial, mas porque o edifício é lindíssimo e, antes, ficava lá o Counter Culture - o sítio do nosso primeiro almoço em Dublin, num registo saudável mas delicioso. Ao escrever este artigo percebi que mudou de instalações e podem encontrá-lo no cimo da rua. Vale bem a pena passar por lá para almoçar e, depois, dar um saltinho ao Powerscourt.
George’s Street Arcade
Nunca tinha ouvido falar deste sítio, mas acabei por lá ir parar enquanto procurava o Yogism - que tem só o melhor frozen yogurt desta vida. Sei que já vos tinha falado deste sítio aqui, mas partilhar dicas boas nunca foi demais. As próprias arcadas, com um pequeno mercado, são muito giras para visitar.
Grand Canal
Situado na Walk North of the River, como dizem os irlandeses, o Grand Canal não é uma zona muito turística, mas é para lá que se estão a movimentar as principais empresas tecnológicas, como é o caso da Google. Tudo indica que se venha a tornar o próximo sítio trendy da cidade e eu aconselho-o vivamente para um passeio matinal. Só para terem uma desculpa para provar o maravilhoso brunch do Herbstreet, que tem as melhores blueberry pancakes que comi na vida.
St. Stephens Green
Não podia terminar este post sem vos recomendar um jardim. E acreditem que mesmo nos dias mais cinzentos e chuvosos, o St. Stephens Green tem um encanto especial. Percam-se por lá, junto ao lago ou apenas no relvado. Vão ver que é o complemento perfeito a uma visita pelos monumentos da cidade.