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Rita da Nova

Sex | 07.12.12

Viena, a magnificência em forma de cidade

 

Viena. Não me lembro de, em altura alguma da minha vida, ter sido confrontada com tamanha grandiosidade. Há uma diferença entre a grandiosidade desmedida e a grandiosidade imponente e simples. Inseriria Viena nesta última categoria, no conjunto dos detalhes sumptuosos e, simultaneamente, tão terrenos.

Todos sabemos que esta é a cidade da música, o refúgio último de todos os grandes compositores. Durante o dia que aqui passei, não houve um momento em que esta arte não se manifestasse. Está em todo o lado: nas pessoas, nos edifícios, nas estátuas, no ar. Aqui, as melodias são constantes: vêm de diferentes direcções, cruzam-se, misturam-se, mas nunca deixam de ter a harmonia própria de uma sinfonia maior que a vida humana.

Engane-se quem pensa que a magnificência só está no exterior dos edifícios desta cidade. O interior das igrejas, por exemplo, é vestido de tal maneira que consegue conjugar na perfeição a simplicidade do espírito com a riqueza dos detalhes. Até os jardins - que na altura em que os visitei estavam cobertos com as cores quentes e a brisa fria do Outono - nos dão a sensação de estar a passear num sítio com uma aura que transcende qualquer um de nós.

Compreendo que seja fácil gostar de Viena. É como se, de um momento para o outro, nos transportássemos para um tempo que não é nosso. Vive-se um tempo que não se sabe ser passado nem se reconhece como futuro; e isso tem o fascínio próprio daquilo que, tal como o vento, se sente mas não se pode ver.

 

 

 
Qualquer cansaço se supera e se transforma num sorriso naqueles minutos que antecedem o momento de partir à descoberta.
 
 
 
 
Associo Viena à cor azul: ao azul das cúpulas que, no fundo branco dos edifícios, contrasta com o céu mas parece fazer parte dele.
 
 
Os jardins só são plenamente belos quando as árvores estão demasiado pesadas para carregar o fardo das folhas amarelecidas mas, ainda assim,  suportam este peso para que a sua cor se reflicta na água.
 
 

 

Ter | 04.12.12

A luz e a vida de Belgrado

 

Belgrado. Uma das minhas maiores preocupações durante o inter-rail foi o frio. Fazer uma viagem de um mês, entre Outubro e Novembro, pelos países do leste europeu teria sempre inconvenientes deste tipo. A primeira grande surpresa foi na Sérvia: Belgrado recebeu-me de braços abertos e com dois dias soalheiros de 25ºC.

 

 

Não foi a única característica surpreendente desta cidade. Sem conhecer nada sobre ela, imaginava-a cinzenta e ainda com feridas abertas, feitas pelas garras do comunismo. O que encontrei deixou-me maravilhada: Belgrado é uma cidade de ruas largas, que se reconstrói e tem a capacidade de se modificar a si mesma a cada dia que passa. A mudança paira no ar e é o aroma mais respirável em toda a cidade. Há um movimento que não pára: nem de noite, quando tudo dorme, sua vida esmorece. É boémia e, ao mesmo tempo, parece concentrada num trabalho que não termina nunca.

 

As cidades edificadas à beira de um rio terão sempre um fascínio maior que todas as outras. Como se a água abraçasse as ruas e as pessoas, criando uma zona de conforto sem igual. Belgrado é uma sortuda: tem à sua volta não um, mas dois rios. Isso nota-se na felicidade que emana através da luz que se reflecte por todo o lado. Às vezes, Belgrado pode parecer Paris. Pode parecer Sidney ou Chicago. Mas Belgrado tem a particularidade de ser sempre ela mesma, sem qualquer sombra de dúvida.

 

 

 
 
Não me canso de repetir que esta é a minha fotografia preferida de toda a viagem. Porque há qualquer coisa no pôr-do-sol desta cidade que nos faz acreditar que estamos no lugar certo.
 
 
 
 
O calor que senti em Belgrado não foi só literal. Chegou-me ao coração.
 
 
 
 
 
Sejam mais típicas ou mais modernas, as ruas de Belgrado estão sempre cheias da mesma vida.
 
 
 
 
 
No meio de qualquer semelhança que a cidade possa ter com outras, há sempre pequenos pormenores que reforçam uma identidade muito particular.