Os livros da Rita // Uma Estranheza em Mim, Orhan Pamuk
Os livros de Orhan Pamuk que li - Museu da Inocência e agora este - são ambos sobre amor, mas não são românticos. E é isso que os torna tão bons. Em Uma Estranheza em Mim acompanhamos a personagem principal entre 1969 e 2012, por isso conseguimos criar uma relação íntima com ele e, ao mesmo tempo, com a evolução da cidade de Istambul.
A premissa do livro é simples, mas também dá tanto pano para mangas: Mevlut, a personagem principal, apaixona-se por uma rapariga num casamento e escreve-lhe cartas durante três anos. Depois disso, foge com ela. Acreditem que isto é só o início de muitas das voltas que as personagens vão dar. E quando parece que o livro não consegue surpreender-nos mais, lá somos apanhados na curva.
Orhan Pamuk não consegue escrever livros pequenos, por isso têm que ter noção que ler Uma Estranheza em Mim significa entrar numa grande empreitada. Honestamente, achei demasiado grande para a história - com menos 200 páginas (tem 640), ter-se-ia tornado menos cansativo e teria tido mais vontade de o ler todos os dias. Mas compreendo que há histórias que precisam de tempo para respirar, para se desenrolarem como deve ser, e esta é sem dúvida uma delas.
Numa cidade, pode-se estar sozinho no meio de uma multidão e, na verdade, o que faz de uma cidade uma cidade é que ela permite que se esconda a estranheza que se traz no espírito junto das suas multidões inumeráveis.
É preciso dar também dar espaço à narrativa para que nos mostre a vida da cidade de Istambul ao longo de tantos anos. Confesso que terminei o livro com uma enorme vontade de a conhecer. Recomendam?
Portanto já sabem: vale a pena, mas é preciso ter paciência. Já leram alguma coisa deste autor? Que outros livros dele me recomendam?
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Uma Estranheza em Mim por Orhan Pamuk
Avaliação: 7,5/10
Semelhante a: Museu da Inocência, do mesmo autor